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domingo, 24 de setembro de 2017

O metrônomo

Nos últimos anos, a economia Portuguesa viveu sobressaltos fortes. Uma crise severa que esmagou muitas famílias, e um movimento extraordinário de euforia em grande parte ligada à explosão das atividades turísticas e imobiliárias. Estes dois momentos opostos foram excelentes para muitos retalhistas donos de lojas de pequena e média dimensão. Para muitos retalhistas, temo que este período tenha ficado marcado apenas como o período das oportunidades desperdiçadas. 

Olhando para o que aconteceu 
Os consumidores não voltaram às lojas que ficavam perto das suas casas porque afinal se relembraram que gostavam dos retalhistas, das suas pequenas lojas, dos produtos ali vendidos. Não! Os consumidores voltaram às lojas de bairro, situadas ao pé das suas casas, porque não queriam gastar dinheiro suplementar em gasolina e também porque o número de referências nas lojas pequenas sendo menor, a tentação de comprar também o é. O corte nos ordenados e os sacrifícios profundos anunciados para as próximas décadas tetanizaram, e isso é totalmente percebível, a grande maioria dos cidadãos. 
Os novos consumidores estrangeiros, vindos com a onda de compra de casas em Portugal, foram clientes das lojas de proximidade numa primeira ou segunda visita a Portugal porque ali encontravam os produtos básicos necessários para uma estadia curta, e também porque para muitos deles o comércio de merceeiro lhes fazia relembrar uma época acabada na terra deles. 

A bonança podia ter sido utilizada para reorganizar as lojas 
O período era ideal para reorganizar os pontos de venda, investir em novos equipamentos, rever a oferta comercial. Para muitos retalhistas os consumidores tinham voltado à loja porque eles gostavam dela assim! Em consequência, nada se fez. A ilusão foi demasiada forte! 

Caronte vai ter muito trabalho 
De facto, vamos assistir a uma vasta saída de lojas do mercado do retalho alimentar de pequena e média dimensão. Entre as lojas detidas por retalhistas demasiado velhos para continuarem em atividade, as lojas sem capacidade de faturar o suficiente para pagar as contas mínimas de energia e fiscais, e as lojas situadas em zonas de despovoação, Caronte vai ter pouco tempo para descansar. 

Mas, o mercado está sempre em movimento
No blog “A loja da minha rua”, já escrevi numerosas vezes sobre o movimento sem fim do mercado. O desaparecimento de certas lojas não significa o fim das lojas de pequena e média dimensão; significa apenas o fim de certas lojas, detidas por certos retalhistas, em certos sítios.A vontade de criar o seu próprio negócio é forte em certas pessoas que vão entrar nesse mercado com o intuito de vencer e de ter uma boa vida.
Serão novas pessoas, com uma energia nova, forte e pronta a ser utilizada e, viradas para as ideias novas que hoje fazem a diferença. 


O retalho de pequena e média dimensão está em movimento, um movimento sem fim!

Boa reflexão, 
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB

domingo, 17 de setembro de 2017

Os segredos da Marca do distribuidor

No retalho alimentar de pequena e média dimensão é raro ver uma loja que não inclua no seu sortido os produtos de marca do distribuidor (MDD). Todavia, é comum observar uma utilização deficiente dessa MDD, provavelmente porque existe um desconhecimento das características fortes da MARCA DO DISTRIBUIDOR. 

Para esclarecer os retalhistas sobre o rumo a seguir em termos de MDD, quero sublinhar alguns pontos técnicos que podem ajudar qualquer retalhista a repensar a sua oferta de marcas. 

Para especificar a situação de partida, é preciso notar: 
- Que as marcas dos fornecedores continuam a liderar as vendas e portanto, as marcas chamadas nacionais e internacionais são imprescindíveis. A título de exemplo forte desta afirmação, há a introdução de marcas nacionais e internacionais na insígnia Lidl que foi um dos elementos essenciais da sua (re)conquista do mercado português. 
- Que as marcas de primeiro preço (os PP) representam vendas marginais, atualmente <3%, e que são portanto marcas nada estratégicas e até perigosas quando estão demasiado presentes, pois transmitem uma imagem fraca da loja que as vendem.
As marcas de primeiro preço não devem ser confundidas com as MDD! Quer ver uma oferta de MDD adaptada ao retalho alimentar de pequena e média dimensão? Siga este link Uma MDD dinâmica do comércio independente e associado e faça boas compras e sobretudo, faça da sua loja um ponto de venda dinâmico e lucrativo! 

Boa reflexão, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 10 de setembro de 2017

O fator chave é a gestão das novas tecnologias!

As novas tecnologias tornaram-se, incontestavelmente, o elemento incontornável da nossa época e, isto aplica-se a todos os setores de atividade e a todos os estratos da sociedade. O setor retalhista já passou por diferentes períodos durantes os quais, segundo o momento, liderou a produção, o marketing, o comercial e as compras e, a logística. Os grupos que lideram atualmente a distribuição alimentar são aqueles que souberam adaptar-se a cada um desses momentos e que estão altamente presentes na vida dos consumidores através das novas tecnologias. 

O retalho independente ou associado de pequena dimensão está bastante atrasado em relação à implementação das novas tecnologias no seu dia-a-dia. Este atraso tem as suas raízes no modo de funcionamento do retalho há várias décadas, baseado na procura do melhor preço de compra para obter a melhor margem possível. 
Ninguém pode condenar um retalhista por querer lucrar; o lucro é para cada retalhista uma recompensa merecida pelo seu trabalho gastador de tempo e energia e, pelos riscos assumidos. 
Também, cada comerciante, sozinho no seu cantinho, não tem os meios suficientes para utilizar as ferramentas tecnológicas modernas; O comerciante não tem forçosamente os conhecimentos técnicos suficientes e não tem meios para, sozinho, pagar os recursos humanos especializados neste setor e as ferramentas necessárias. 

As empresas grossistas e as centrais de compra, de que são sócias ou acionistas, deveriam avançar no desenvolvimento de ferramentas que permitem colocar ao dispor dos retalhistas meios modernos de gestão das suas lojas, quer nas suas relações com os consumidores quer na obtenção dos bons produtos com boas condições de compra com os produtores e fornecedores. 

Desenvolver e colocar as ferramentas tecnológicas ao dispor dos retalhistas permitiria que as centrais e/ou os grossistas fidelizassem os retalhistas ao respetivo projeto de rede de lojas. Pois é, basear a lealdade de retalhistas a partir da ideia de melhores condições de compra não é suficiente e torna qualquer projeto sujeito à predação de outros operadores. De facto, qualquer predador pode entrar numa loja propondo preços esmagados, mas a entrada de predadores em lojas ligadas a vantagens tecnológicas seria muitíssimo mais dificultada, ou até impossível. 

Nos próximos anos, vamos ver centenas de lojas do retalho alimentar fechar porque os donos irão reformar-se de vez ou por falta de clientes. Este movimento será, não tenho dúvida nenhuma, largo no interior do país. Para as lojas urbanas e suburbanas, as centrais de compra ou de negociação deverão continuar as suas atividades comerciais, de marketing e logísticas mas, se não se dotarem rapidamente de novas tecnologias, elas serão marginalizadas e desaparecerão. 


Boa reflexão, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 3 de setembro de 2017

Mais pessoas, menos dinheiro e mais receios

Pelo segundo ano consecutivo a atração turística foi forte em Portugal; um pequeno país encalhado no fundo da Europa que se tornou uma alternativa de boas férias para muitos europeus. No Algarve, o turismo estrangeiro foi forte e, notou-se também a vinda de Portugueses de todo o país. Mas embora a quantidade tenha estado presente, a qualidade deixou a desejar…

A indústria hoteleira parece ter tido uma boa atividade e, o alojamento local funcionou bem, e permitiu a muitas famílias ganhar algum dinheiro com o arrendamento momentâneo de um ou vários quartos, tendo também permitido absorver um enorme fluxo turístico. Isso tem de ser realçado para rematar a ideia segundo a qual o alojamento local é uma atividade que enriquece muito as pessoas. É como em tudo; alguns ganham muito enquanto a maioria consegue, através dessa atividade, manter o barco familiar a flutuar até ao próximo verão. Para muitas famílias, arrendar um quarto por um valor que vai até 30€ por noite não é o Eldorado, longe disso! 
O que se constatou em primeiro lugar, é que o turismo foi forte mas, corolário do turismo de massa, de fraca qualidade em termos de tipologia de pessoas, de comportamento das mesmas e de quantidade de dinheiro que tinham disponível para gastar. 
Em segundo, observou-se também uma tendência nítida das famílias para evitar despesas desnecessárias. Amanhã é uma grande incógnita para muitos cidadãos da União Europeia, habituados até aqui a viver com uma certa visibilidade e confiança no futuro imediato: 
- Os Ingleses não sabem o que vai dar o Brexit, nem se irá a seu termo; 
- Os Franceses estão ansiosos com as novas leis laborais que irão entrar em vigor a partir do fim de setembro de 2017 e que prometem flexibilizar o mercado do trabalho como nunca, num país em que as reformas foram sempre adiadas por todos os governos dos últimos 30 anos; 
- Na Itália o problema migratório tornou-se gigantesco; 
- Os cidadãos dos países Nórdicos começam também a mostrar uma certa febrilidade em relação à imigração; 
- As mudanças climáticas começam a assustar muitas pessoas; 
- As mudanças impostas pelos avanços tecnológicos em todos os setores de atividades assustam porque são vistas não como uma mudança de época, mas sim como uma mudança de civilização;…etc. 
O verão 2017, um verão de turistas receosos dos momentos futuros e atentos às despesas. 

Boa reflexão, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB