Inscritos como seguidores do blog

domingo, 24 de fevereiro de 2019

A qualidade e a pertinência dos comentários dependem da qualidade técnica dos comentadores


Parece que o post “O cliente escolhe quase sempre o original em vez da cópia!” de 10 de Fevereiro de 2019 foi comentado aqui e ali. Na medida em que o blog “Alojadaminharua” quer ser um espaço que permite refletir, eu acho que atingi o objetivo e orgulho-me disso. Também é verdade que a qualidade e a pertinência dos comentários dependem da qualidade técnica dos comentadores. 

Queria aqui ajudar quem tem dificuldades em perceber o que lê. 

Estamos a viver um momento em que rebentaram os diques urbanos em relação à expansão dos grupos líderes da grande distribuição alimentar 
Relembro aos leitores que numa primeira fase, que corresponde às últimas décadas do século passado, os grupos da distribuição organizada cercaram os grandes centros urbanos com lojas de grandes dimensões: foi a irresistível ascensão da fórmula hipermercado. 
Duas insígnias - por razões de modelo e de história própria - estavam presentes nos centros urbanos: Minipreço (modelo soft discount na altura) e Pingo Doce. 
Relembro que: 
- a barreira de hipermercados localizados nos arredores diretos dos centros urbanos aspirou as despesas alimentares das populações periurbanas e urbanas; 
- Pingo Doce passou por uma fase complicada, em consequência de um custo logístico brutal, hoje chamado custo do último quilómetro. 
Relembro que nessa altura, nos grandes centros urbanos, os retalhistas independentes tinham um papel de destaque e achavam que dificilmente poderiam um dia ser alvo de uma concorrência dos grandes grupos. Eu faria aqui um paralelo com as zonas do litoral, e nomeadamente a região Algarve, onde as empresas tradicionais, quer grossistas quer retalhistas ou mistas tal com Aliccop/Alisuper, achavam que eram as únicas capazes de gerir lojas com um impacto forte da sazonalidade. 

As evoluções tecnológicas que beneficiam fortemente a atividade logística, a pressão comercial que obriga os grandes grupos da distribuição a continuar a sua expansão, e o aumento do perímetro e da densidade das zonas urbanas modificaram o panorama descrito no parágrafo supra. 
Assim, todos os atores de relevo da distribuição moderna quiseram entrar nas cidades, nos centros urbanos. Não é uma particularidade portuguesa pois quem for a Praga, Roma, Madrid, Londres ou Paris pode observar a mesma tendência. No caso português, ainda esta semana foi divulgada uma informação segundo a qual a Sonae queria abrir ainda algumas 200 lojas. Claramente, a dinâmica da Sonae será acompanhada pelos seus competidores ou seja, Jerónimo Martins, Auchan, Intermarché, Lidl. 
Obviamente estas lojas abrirão onde há consumidores, portanto nos centros urbanos. Haverá um aumento significativo da pressão comercial em Lisboa e no Porto e nos grandes centros regionais. Quando passeio em Lisboa, observo que as mercearias de rua são cada vez mais lojas detidas por indianos, onde o impacto da central Unapor é evidente. 
No post “O cliente escolhe quase sempre o original, em vez da cópia!” de 10 de Fevereiro de 2019, sublinhei que os associados ou franchisados de uma insígnia, que faz parte de uma organização integrada, correm o risco de ter como concorrente mais forte nas suas zonas de atração uma loja integrada que pertence à mesma organização geral. 

No caso de Lisboa, caso concreto do post, aceito qualquer comentário que indique uma outra alternativa às alternativas que apresentei a título de exemplo: Intermarché ou Coviran ambas organizações do comércio independente associado. Qualquer comentário deverá integrar a capacidade que tem a organização a montante de abastecer diariamente a totalidade de uma loja moderna com uma superfície de 300m2 até 500m2, quer em produtos secos, quer em produtos frescos, sabendo que uma loja urbana deste formato corresponde, hoje em dia, a um investimento avultado, incompatível com uma gestão elástica dos aprovisionamentos, do sortido em geral e dos frescos em particular, e que obriga a uma gestão da relação cliente rigorosa baseado na existência de um cartão de fidelidade e de uma relação constante com os seus possuidores. 

Agora se eu tivesse abordado as regiões de Coimbra, Aveiro, Penafiel, Espinho, Bragança, em alternativa aos grupos integrados, eu podia também citar e sugerir as organizações que promovem a Rede Aqui É Fresco tais como: 
- M. Cunha, na região Centro-Norte; 
- Os armazéns da Santa, na região de Bragança – Macedo de Cavaleiros; 
- Marabuto, na região do litoral Centro e região Centro; 
- Pereira & Santos que atua num raio de 70km à volta de Coimbra. 

Estou plenamente consciente de que a qualidade e a pertinência dos comentários dependem da qualidade técnica dos comentadores. Não posso acreditar nem por uma fração de segundo que quem tenha funções de direção possa não perceber ou contradizer o teor destes “posts”. Se for o caso, o que tenho realmente dificuldades em acreditar, seria uma confissão de grande incompetência desses responsáveis! 
Boa reflexão e bom trabalho,  
O nosso sucesso está nas nossas mãos! 
RB

2 comentários:

  1. Richard felicito-te pela pertinência dos assuntos que tens escrito.Infelizmente a capacidade de pensar o futuro do pequeno comercio alimentar e de reflectir sobre as abordagens que tens escrito vai levando a mais do mesmo...uma actividade com um futuro pouco risonho.Projectos com origem na vertente grossista com dificuldade em responder as necessidades do retalho que vao muito para além da aquisição de mercadorias.O exemplo da Aliccop/Alisuper e um bom exemplo do que referes, incapacidade de aceitar opiniões diferentes, rodearem-se de pessoas que se preocupam principalmente com interesses pessoais e por fim alguns responsaveis pouco serios e sem ética.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado Paulo pelo teu comentário, comentário de um grande profissional do retalho alimentar, um responsável com uma grande experiência do terreno como supervisor de rede de lojas e da placa de venda.

    ResponderEliminar

O Blog foi feito para proporcionar um espaço de expressão dos atores do mundo do comercio. Encorajo cada leitor a intervir, e a ser um elemento valioso de trocas construtivas para todos.