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domingo, 9 de junho de 2019

Comerciante, gestor e investidor


A multiplicação das iniciativas no setor do retalho alimentar para atrair candidatos à abertura de novos pontos de venda, quer recém-chegados à profissão quer retalhistas já existentes, no seio de uma organização, quer grossista quer retalhista, é um facto. É a consequência dos movimentos no terreno que têm todos como objetivo ganhar a guerra da proximidade. Mas, o que é um retalhista? 

Um retalhista do setor alimentar é antes de tudo o mais um comerciante 
Um comerciante é uma pessoa que tem o sentido do mercado dos consumidores e que sabe encontrar e negociar os produtos que lhes darão satisfação, e que incansavelmente procura apresentar esses produtos de maneira a valorizá-los, com o objetivo de obter lucros de bom nível para remunerar o seu trabalho e os riscos tomados. 
O retalhista do setor alimentar 
- Percebe as tendências do momento, as expetativas das pessoas de uma determinada comunidade; 
- Sabe determinar os produtos e os serviços que podem responder a essas expetativas; 
- Sabe definir quais devem ser as características principais da melhor localização do ponto de venda, que será de facto o ponto de contato entre os consumidores e os produtos; 
- Sabe encontrar os fornecedores e negociar as melhores condições de acesso aos produtos que vai vender; 
- Sabe que para vender os seus produtos ele deve imaginar uma apresentação sedutora destes. 

Obviamente, um retalhista do setor alimentar deve ser também um gestor 
O gestor trata de definir as condições imperativas para fazer funcionar a ideia imaginada pelo comerciante e, de gerir os meios necessários para o sucesso do negócio. 
Assim o retalhista alimentar deve utilizar o seu lado de gestor para: 
- Avaliar a pertinência de uma determinada localização de uma loja; 
- Definir o cardex mais adaptado ao mercado dos consumidores dessa localização; 
- Articular o melhor layout possível para maximizar as vendas; 
- Selecionar os equipamentos necessários para a atividade; 
- Distribuir as categorias de produtos de maneira a dinamizar o conjunto da placa de venda; 
- Implantar os produtos de maneira a otimizar os lucros; 
- Avaliar os recursos humanos que exige o negócio e a amplitude horária da abertura da loja; 
- Procurar diariamente soluções para fazer crescer o seu negócio e o seu nível de rentabilidade. 
Porque o comerciante deve possuir uma faceta de gestor, ele deve possuir também uma faceta de investidor 
De facto, as evoluções do mercado, quer em termos de novas tendências de consumo, quer em termos de inovações tecnológicas e de processo de trabalho, obrigam o comerciante a tomar decisões de investimento. É normal e faz parte da rotina do comerciante. O anormal seria que o comerciante tivesse uma aversão ao investimento pois isso quereria dizer que chegou ao seu patamar máximo de desenvolvimento! 

Numa altura em que várias insígnias do setor do retalho alimentar estão a recrutar franquiados para a sua expansão é importante relembrar e sublinhar que o sucesso de uma loja do retalho alimentar é devido em primeiro lugar à capacidade do seu dono de ser comerciante. Em geral, quando a principal característica do franquiado é a mentalidade de investidor, os resultados não são nada espetaculares ou pior o resultado é o fracasso. 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

2 comentários:

  1. Quando um franchisador faz uma proposta realça sempre as vantagens do franchising em termos de investimento. Notória a contradição aqui evidenciada neste artigo.

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  2. Boa noite Susana. Não é a primeira vez que comenta um artigo meu e queria em primeiro agradecer as suas intervenções, pois elas fazem viver o blog.
    É verdade que o franquiador fala sempre do nível de investimento necessário para qualquer candidato querendo integrar uma rede em franchising. Faz sentido porque mesmo com um desejo ou uma vontade forte, um candidato sem capital para avançar não terá, regra geral, a possibilidade de vencer. Qualquer atividade exige à partida um certo nível de investimento e o franquiador tem de confrontar o candidato ao franchising com esta realidade. É a dura realidade do mundo dos negócios!
    Agora, dito isto, eu estou absolutamente convicto de que o candidato a uma franquia do setor do retalho alimentar deveria ser recrutado não porque tem meios financeiros para avançar, mas sim porque tem um perfil de comerciante evidente. O candidato deveria demonstrar que tem uma boa sensibilidade em relação ao mercado, que está interessado nos produtos que vai vender, que sabe tratar do management de uma equipa de colaboradores, constituída por pessoas diferentes, com necessidades diferentes e expetativas diferentes, que está pronto para trabalhar numerosas horas para chegar aos objetivos definidos e que sabe que nunca poderá culpar ninguém quando for ele mesmo culpado por não levar a cabo todas as tarefas que a sua atividade exige dele.
    Encontro regularmente franquiados que acham que o franquiador deve “papar-lhes” todo o trabalho e que o franquiador é responsável de todos os seus resultados. O franquiador tem um dever de meios, ou seja ele deve dar acesso ao franquiado a todos os meios de que dispõe para que este último possa, com os seus esforços e o seu trabalho regular, chegar ao sucesso.
    O franquiado não pode pensar que o facto de ter investido algum dinheiro lhe dá o direito de receber um bom lucro sem trabalho e sem esforços.
    Cara Susana, desejo-lhe uma agradável semana.

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O Blog foi feito para proporcionar um espaço de expressão dos atores do mundo do comercio. Encorajo cada leitor a intervir, e a ser um elemento valioso de trocas construtivas para todos.