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domingo, 17 de fevereiro de 2019

Por quem os sinos dobram!


Por quem os sinos dobram! (plagiato do título de uma obra de Ernest Hemingway) 
Qual é o futuro das pequenas organizações retalhistas que ainda existem do Norte ao Sul de Portugal? Numerosas há 30 anos, elas parecem estar inexoravelmente em vias de desaparecimento. 

O choque das gerações 
O sucesso das insígnias regionais e mesmo locais é antes de tudo o mais a história de um homem, com uma forte personalidade, certo do seu destino e que, a partir de pouco ou nada, conseguiu erguer uma empresa localmente forte e respeitada. Nos anos 80, quando Portugal estava a sair de um período historicamente peculiar e a entrar numa nova dimensão, aqueles que tinham fé no seu destino conseguiam distinguir-se e conseguiam resultados excecionais. 
Mas, muitas vezes, esta geração colidiu com a geração seguinte, uma geração que não precisou de trabalhar arduamente para ter, bastava-lhe viver dos frutos do passado. A incapacidade de uns “limpou” totalmente os esforços de uma vida de labor dos outros. Os exemplos são múltiplos de Norte a Sul do país. 

O choque das gerações foi acompanhado por uma falta de visão nacional. 

A presença nacional foi esquecida, evitada, indesejada, um erro! 
As organizações que conheceram o sucesso ficaram limitadas a um perímetro local ou regional e, a força que elas tinham conseguido localmente não foi utilizada para alcançar uma presença nacional. 
Foi o erro funesto dessas organizações de sucesso no plano local pois isso permitiu o desenvolvimento de insígnias nacionais dirigidas por empresários modernos, ou de insígnias europeias dotadas de uma forte experiência na gestão da conquista de territórios e do desenvolvimento da atividade. 
Os hipermercados cercaram os grandes centros urbanos, os supermercados penetraram os novos bairros periféricos e o interior do país e, as lojas de hard-discount começaram a aparecer. 
Hoje, a malhagem do país é bastante densa e apenas algumas grandes insígnias controlam o setor da distribuição em Portugal inteiro. 

Dos pequenos líderes históricos locais ou regionais fica pouca coisa e, os atores locais de pequena dimensão estão condenados a desaparecer. 
Porque é que vão desaparecer as pequenas organizações locais? 
As razões são múltiplas tais como: 
- A falta de liderança, de capacidade empresarial, de visão estratégica dos sucessores do criador da empresa. A “geração seguinte” tem menos vontade de trabalhar que os seus pais e/ou tem tendência a ser caprichosa; 
- A falta de qualidade dos Recursos Humanos da empresa, por um lado por falta de meios para pagar ao preço do mercado as competências que seriam no entanto necessárias para a empresa e, por outro lado porque os dirigentes têm medo de perder o protagonismo que acham merecer por “direito divino”, a favor de um assalariado que consideram apenas como um vassalo; 
- A falta de tesouraria para responder aos investimentos pesados que deve fazer uma empresa de distribuição moderna em termos de rejuvenescimento regular dos pontos de venda, de investimentos em novas lojas e regularmente em novos conceitos de lojas, de adaptação permanente dos meios logísticos e informáticos, de investimentos necessários mas pesados para avançar no comércio online cuja atividade tem um retorno lento…etc. 

É costume ouvir dizer que a evolução tem como consequência o desaparecimento dos mais fracos mas, na realidade, aqueles que desaparecem são os que não são capazes de se adaptarem às novas circunstâncias. 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

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