O coronavírus relembrou à maior parte dos Homens que o curso de
uma vida pode rapidamente alterar-se e, que as certezas são pássaros posados
num cabo elétrico e prontos a voar num ápice. E, o que vale para os Homens vale
evidentemente para as empresas.
O Covid-19
levou o governo a declarar o estado de emergência que obriga uma grande parte
dos portugueses a ficar em casa e as empresas que têm uma atividade qualificada
como não-essencial a fechar. De repente, uma fatia significativa do país fica
sem poder trabalhar, em paralelo com lojas e empresas paradas. A situação, bem
que decretada para o bem das pessoas, não pode ser inócua, vai doer e mesmo
provocar uma limpeza acelerada do mercado da distribuição.
Podemos questionamo-nos sobre a operação Mercadona
Mercadona
investiu muito em estrutura, logística e recursos humanos para, segundo o que
disseram há 1 ano atrás, poder avançar rapidamente na conquista do mercado
Português.
Primeiro
as opções táticas tomadas foram infelizes e Mercadona estava, segundo o que pude
observar, aquém das expetativas em termos dos objetivos de conquista. Mas já
tinha falado deste ponto num outro “post”.
Segundo, nem o Covid-19 nem as suas
consequências atuais foram contemplados, e ninguém pode ser criticado por isso
mas, este “protagonista” pode acelerar uma retirada de Mercadona do mercado Português para se concentrar no seu
mercado doméstico que vive um momento negro.
Podemos questionar-nos sobre o setor grossista alimentar
Português
Como é que
estruturas empresariais familiares, ou seja empresas pequenas ou muito
pequenas, financeiramente fáceis de abalar, que atuam com uma mão-de-obra excessiva
e com custos de funcionamento importantes poderão resistir às condições atuais
do mercado?
Como é que
empresas presas num passado, que com certeza não voltará nunca mais, poderão
resistir a este golpe traiçoeiro do Covid-19?
1-Os
clientes dos grossitas independentes, tais como os bares, os cafés, os
snack-bares, os restaurantes já não são pontos de escoamento. Não são algumas
bicas vendidas à porta de um bar que fazem a diferença!
2-Os
clientes tais como as mercearias, os minimercados e supermercados independentes
são reféns de várias situações:
Em zona urbana
- Impacto
das entregas a domicílio das insígnias tenores da distribuição organizada;
- Impacto
da comunicação dessas insígnias de destaque nos médias;
- A
qualidade da organização dessas insígnias para poder continuar com portas
abertas;
- No caso
de um empregado ou o dono de uma loja independente ficar infetado, a loja fecha
e dificilmente voltará a abrir. O medo será pior do que o Covid-19.
Em zona rural
- Impacto
do envelhecimento da população, que fica em casa por obrigação mas também por
medo de morrer, sobretudo se casos de infeção forem detetados na vizinhança e
pior ainda no caso de morte de uma pessoa conhecida;
- Impacto
das empresas de apoio social que levam a comida pronta a casa das pessoas
idosas;
Como é que
as empresas do setor grossista alimentar independente vão conseguir, nas suas
condições estruturais próprias mas também a partir das centrais desajustadas e
estruturalmente frágeis que as juntam, resistir às mudanças profundas que surgirão
com o fim do tempo apocalíptico que estamos a viver?
Nem umas nem outras estão
preparadas para as mudanças que se avizinham! Os grossistas
que contarão amanhã serão provavelmente outros, que substituirão antigas
empresas arruinadas pela autossatisfação e o imobilismo!
Amanhã é para conquistar mas dizer hoje que o mercado está em
movimento é um eufemismo, pois o movimento será feito em cima dos escombros de
uma época que chegou ao seu fim.
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB