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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O rendimento mínimo como base de vida para todos

Um tsunami gigantesco está a chegar e vai, de forma profunda, modificar o Mundo, e portanto as sociedades nas quais vivemos. 


O tsunami gigantesco é a incorporação da Inteligência Artificial em todos os segmentos das nossas Vidas 

Os utilizadores das redes sociais e de motores de busca, e estou a falar de quase todos nós, sabem que nestes a IA já está totalmente implementada e, está cada vez mais sofisticada. 

Ao nível empresarial a IA está a modificar os processos, e por consequência leva a rever as competências necessárias para tal ou tal função, porque esses novos processos obrigam a procurar um “colaborador aumentado”. O colaborador aumentado é o colaborador que utiliza para todas as suas tarefas o apoio das ferramentas que proporciona a IA. 

A ferramenta Copilot da Microsoft - https://www.microsoft.com/pt-pt/microsoft-copilot é um exemplo da gigantesca transformação geral à qual vamos assistir. 

E surgem perguntas 

Qual será o impacto da IA no emprego? Se os empregos mais atingidos pela onda de mutação tecnológica correspondem a tarefas simples, qual será a reconversão possível para os empregados? É evidente que - tendo em conta que os empregos em crescimento correspondem à função de developer informático, programador, especialista da semântica e da semiótica, analista especializado, etc. - muitas pessoas ficarão infelizmente à beira da estrada. 


A IA poderá apontar para um rendimento básico de vida para cada cidadão 

Na medida em que a IA generativa “produz” em função da informação que lhe é disponibilizada, não seria descabido pensar que à pergunta “Podes ajudar-me a definir uma solução que permita garantir a paz social, a unidade da sociedade, os lucros das organizações industriais e comerciais” a resposta seja “Para tal, é preciso estabelecer um rendimento social de vida, que cubra as despesas mínimas de alojamento, de alimentação e vestuário, para cada cidadão. Se uma pessoa quiser mais, e ter uma vida diferente dos outros, ela deverá trabalhar para ter um rendimento suplementar”. Terá de haver uma resposta à escassez de empregos nas grandes organizações empresariais. 

Este tema, que terá uma extrema relevância a médio/longo prazo, deveria ser abordado pelos políticos para evitar que as nossas Sociedades rebentem, mas de momento, enquanto em Portugal se preparam as eleições legislativas antecipadas, nenhum deles fala. 

No entanto, a organização das nossas Sociedades estando baseada no consumo, seria bom refletir como será feito esse consumo, quem produzirá, quem distribuirá, com que Recursos Humanos e em que condições de retribuição, por cada elo da cadeia. 


Nada pode parar um tsunami e nenhum medo poderá minimizar a sua força. Mas, de facto, nos próximos 10 anos vamos viver momentos extraordinários em termos de desafios sem comparação na nossa História, com, num mesmo espaço de tempo curto, a explosão da IA, a explosão do número de pessoas aposentadas, a explosão dos problemas ligados ao aquecimento climático, e a explosão dos movimentos migratórios. 


Boa reflexão e bom trabalho, 

O seu futuro está nas suas mãos! 









RB

 

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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Que sucesso?

Os factos são claros; nos últimos 4 anos, o setor da distribuição viveu um período de sonho. O alinhamento dos planetas foi extraordinário e o setor viveu um momento de bonança global (mesmo se existem diferenças nas performances observadas segundo as empresas), que teve a sua origem em conjunturas favoráveis e imprevistas, e nas suas bases, alheias às políticas marketing dos seus atores, quer grossistas, quer retalhistas.


Um alinhamento dos planetas extraordinário - 3 razões a sublinhar 

1-A chegada anual à idade da reforma de milhões de Europeus e de Norte-americanos. São pessoas que têm os meios de viajar. Elas reúnem capacidade financeira, capacidade médico-sanitária, e disponibilidade de tempo. 

2-A explosão do turismo ligada em parte ao que foi dito no parágrafo precedente, mas sobretudo à democratização das viagens. Viajar é fácil e barato, e escolher uma estadia através das plataformas tais como Airbnb e Booking.com é muito simples. 

3-Um aumento dos preços, desejado e orquestrado pelas instituições financeiras, no intuito de recuperar a quantidade extraordinária de dinheiro colocado nos mercados desenvolvidos, na altura da crise financeira, da Covid-19 e na ocasião da deflagração da guerra Russo-Ucraniana. 

Portanto, a patente dinâmica do mercado deve muito pouco aos “marketeers”


Os principais indicadores do setor da distribuição refletem esse bom momento (2022) 

Os proveitos operacionais conheceram um pico nítido; 

A rendibilidade económica das empresas e a rentabilidade financeira recuperaram níveis de há pelo menos 8 anos atrás. 

Simultaneamente, os custos de funcionamento foram controlados, e por exemplo os custos de mão-de-obra mantiveram-se quase-estáveis e portanto baixos. 


Os grupos do comércio organizado imersos no desenvolvimento 

Para os grupos do comércio organizado integrado ou associado, o momento é de preparação dos desenvolvimentos futuros, que incluem todos os departamentos; a Logística, o Marketing, o Comercial, os Recursos Humanos, a Gestão administrativa. 

A tecnologia, e nomeadamente a integração da IA Generativa, é o elemento transversal mais impactante nos próximos tempos, na perspetiva de melhorar os resultados, melhorando o “sourcing” e o “procurement”, a gestão do grupo no seu todo em geral e de cada ponto de venda em particular e, a relação com os consumidores e o laço criado com cada cliente. 

Os seus pontos de vendas serão o reflexo dos resultados dessas reflexões. 


Futuro com contraste para os retalhistas do comércio alimentar independente ou associados “soft” 

O futuro desses comerciantes dependerá: 

-Da localização da loja, que determina o grau da intensidade da concorrência e dos desafios a ultrapassar para fazer melhor do que as cadeias organizadas;

-Do posicionamento da loja, que orienta as opções em termos de política do sortido. Num grupo integrado, o posicionamento é linear e legível para qualquer consumidor;

-Do tamanho da loja que determina o comprimento possível do sortido. Os grupos integrados têm meios para abrir lojas urbanas de média superfície; 

-Da utilização de ferramentas tecnológicas que necessitam recursos e investimentos elevados e que obrigam a assegurar despesas de manutenção pesadas, difíceis de suportar quando se trata de apenas um ponto de venda. 

-De uma estrutura de rede com as competências necessárias para integrar as tecnologias sem as quais o futuro será complicado. 


A “cozinha de assemblagem” como futuro próximo 

Se o consumidor procurou sempre uma solução para diariamente alimentar-se ou alimentar a sua família, comprando produtos para elaborar pratos, hoje a solução alimentar do dia-a-dia passa pela compra de refeições prontas ou quási-prontas. Aliás um indicador dessa tendência é o sucesso da Uber Eats. 

Isso quer dizer que uma loja alimentar, cujo eixo principal é o abastecimento diário dos lares que compõem a sua zona de atuação, deve prever soluções alargadas de refeições prontas vendidas com atendimento ao cliente, em Livre serviço e congelados. 

O resto das compras será feito por arrastamento. 

Independentemente das condições económicas adversas e difíceis, difundidas na imprensa, estamos a viver um período incrível de transição do consumo. 

Boa reflexão e bom trabalho, 

O seu futuro está nas suas mãos! 









RB

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domingo, 24 de setembro de 2023

O valor dos números

Portugal está a viver momentos de grande felicidade, pois tornou-se num país onde toda a gente quer vir, para partilhar o estilo de vida e a felicidade à moda Portuguesa. Também, como qualquer outro país atualmente, Portugal tem de lidar com uma inflação brutal que abala segmentos inteiros da sociedade. Tudo isso tem um impacto no setor da distribuição alimentar, quer grossista quer retalhista. No setor dos independentes do retalho alimentar, os otimistas podem achar que está tudo a correr bem, mas… 


Há quem diga que a faturação está a crescer bem 

Pois, de Norte a Sul de Portugal o momento é de grande bonança. Todas as regiões beneficiam do turismo. Aliás, qual é o sítio de Portugal onde não há casas arrendadas em “Alojamento Local”? Percorrendo a EN2 podemos ver que mesmo em sítios outrora esquecidos ou em estado de morte lenta aparecem casitas típicas renovadas, destinadas ao arrendamento de tipo “short rental”. 

Julgando pela quantidade de nómadas digitais, no Algarve, nas Regiões de Lisboa e do Porto entre outras, esses devem ter elegido Portugal como sendo um destino excelente para passar longos meses. São boas notícias, que justificam mais faturação para o setor do retalho no seu conjunto. 


Há quem diga que uma boa faturação indica uma boa saúde do comércio 

Depende do histórico das vendas, e da dinâmica da região. 

No caso do histórico das vendas 

Se as vendas do ano em curso são realmente superiores às vendas do ano anterior acrescentado o impacto da inflação, podemos pensar que a atividade está a correr bem. 

Assim, se de forma geral a inflação for de 10% e que o comerciante regista uma faturação com um crescimento de 20%, ele pode estar satisfeito. Mas claramente se a inflação for de 20% e que o aumento da faturação for de 20% não há satisfação a ter. 

Por exemplo, no caso das massas MDD (Marca Do Distribuidor) para as quais, entre o início de 2022 e o fim de 2022, o PVP (Preço de Venda ao Público) passou de 0,39€/0,49€ a 0,79€/0,89€, duplicar a faturação não é nada satisfatório. Aliás neste tipo de situações, em vez de analisar as vendas a partir da faturação, seria mais sensato analisá-las a partir do escoamento em quantidade. 


No caso da dinâmica da região 

Estamos a assistir a uma tripla-explosão em termos de frequentação estrangeira; 

1-a explosão do turismo, ou seja das pessoas de passagem; 

2-a explosão das estadias de média duração, no caso dos nómadas digitais; 

3-a explosão dos novos sedentários, compostos por reformados que vêm para Portugal para passar os próximos anos e também - cada vez mais - por famílias com crianças na casa dos 8/10 anos. 

Assim, se a faturação de um minimercado ou de um supermercado independente cresce acima do aumento dos rendimentos disponíveis da zona ou da região, esses comerciantes podem ficar satisfeitos, caso contrário podem (devem) pensar que não captaram essa dinâmica e que os outros “players” estão a levar a melhor. 

A terrível utilização do K na gestão clássica do PVP 

Além dos pontos abordados supra, os comerciantes independentes devem enfrentar a necessária redefinição da forma de calcular os PVP. 

De forma clássica, quase cultural, os comerciantes independentes aplicam um coeficiente (K) ao preço de compra para obter o PVP – Preço de Venda ao Público. Para alguns, o coeficiente integra o IVA e para outros é preciso utilizar o coeficiente de IVA para obter o PVP. 

É assim que podemos ver em minimercados ou supermercados preços assustadores; por exemplos massas MDD normais com PVP de 1,20€ até 1,60€. Obviamente, quanto maior for o preço de compra, mais o mau uso do coeficiente multiplicador propulsa o PVP para um nível estratosférico e insensato em relação ao mercado. 

A sensação de maior ganho pode ser de curta duração e a perda de clientes duradoura. 


Neste momento extraordinário que estamos a viver, é mesmo muito, muito cedo para fazer a festa e regozijar-se. Bons números podem esconder situações futuras extremamente desastrosas. 


Boa reflexão e bom trabalho, 

O seu futuro está nas suas mãos! 









RB


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domingo, 3 de março de 2019

Por serem frios, os números são chaves de compreensão


A troca é simplesmente uma relação entre pessoas e, quanto mais pessoas há num território mais há possibilidades de trocas. As informações, disponibilizadas pelo site PORDATA representam elementos valiosos para perceber o mercado sob uma multidão de aspetos e permitem definir orientações estratégicas.

Este post é apenas um convite para que os leitores tenham a curiosidade de “mergulhar” no site Pordata para pesquisar informações valiosas sobre o Portugal no seu conjunto mas também sobre as suas subdivisões. 

O mapa de densidade populacional como meio de visualização de Portugal no seu conjunto
Este mapa pode ser visualizado diretamente no site da Pordata indo ao “link” seguinte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Mapa 
É fácil de constatar visualmente que a forte densidade populacional é geograficamente um facto relativo às regiões litorais e concentra-se a partir de 2 grandes zonas; região de Porto e região de Lisboa. 
Podemos sublinhar que os tons de cor mostram que na região de Porto a mancha de mais densidade é mais importante que na região de Lisboa. Isso explica provavelmente as razões de uma densidade comercial mais ativa na região Norte quer em termos do comércio retalhista quer em termos do comércio grossista. 

A tabela relativa à densidade da população permite visualizar zona a zona, município a município, as evoluções demográficas, sabendo que uma perda de densidade é um indicador que tem de ser levado em consideração em termos de dinâmica dessa zona. Uma zona em perda de densidade populacional combina regularmente em simultâneo um envelhecimento dessa população, 2 elementos que não são nada positivos em termos de dinâmica económica. Neste caso é preciso que surja um político local visionário e capaz de, através de incentivos, atrair investidores e empresas para provocar a redinamização da zona. 
Consultar a tabela relativa aos municípios permite abordar o conhecimento da realidade das regiões e das suas subdivisões. 

O BI (Pordata) de Portugal sintetiza os grandes indicadores 
Na página de entrada de Pordata no link https://www.pordata.pt/Portugal podemos ver o quadro BI de Portugal que projeta uma imagem clara do contexto geral do país. 
Quereria apenas sublinhar as 2 primeiras linhas que destacam a população portuguesa e o número de idosos por cada 100 jovens, num período que vai de 1981 até hoje permite perceber que a situação não é das melhores. De um lado temos uma população que está a diminuir e de um outro lado temos a proporção do segmento dos idosos a crescer de forma brutal.
Para o universo do retalho estes dados são de extrema importância porque deveriam levar os decisores a definir linhas diretrizes fortes a curto prazo para evitar desaparecer a médio prazo. 

Observando a imagem da densidade da população supra entende-se muito bem porque é que as empresas grossistas situadas no Norte de Portugal têm uma boa dinâmica e porque é que uma empresa como a Mercadona está a começar a sua penetração de Portugal pela região do Porto. As zonas urbanas de forte concentração são hoje a chave do sucesso de amanhã, virar as costas à realidade do mercado é suicidário e só pode levar ao desastre. Já escrevi há tempo que os números são casmurros! Para bom entendedor, meia palavra basta! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Loja On - loja Off

O Dr. Eduardo Fonseca, criador da loja Gourmet Glamour em Lisboa, loja especializada em produtos de mercearia fina, e também promotor do projeto RAVA Retalho Avançado, pediu-me para utilizar o blog “alojadaminharua” para abordar a temática da loja virtual, aceitei, como aceitarei qualquer contribuição seja de quem for que quiser intervir para animar, desenvolver, provocar o movimento do comércio.
Assim, publico aqui o “post” do Dr. Eduardo Fonseca: