2020 terá
sido um ano atípico, profundamente atípico, mas com um significado e
consequências diferentes segundo o tipo de negócio e as regiões.
No quadro das atividades alimentares, sem dúvida nenhuma 2020 terá sido um ano muito amargo para as atividades relacionadas com a restauração e a hotelaria. Nas regiões e zonas tradicionalmente turísticas, a queda foi ainda mais brutal, violente e mortífera.
Para o retalho alimentar, o ano terá sido entre bom e maravilhoso, dependendo da localização das lojas, salvo exceções relativas às lojas localizadas em zonas altamente turísticas como é o caso em muitas zonas do Algarve. De facto, em zonas essencialmente turísticas, a ausência dos fluxos habituais de turistas fez muitos estragos entre os retalhistas.
Mas, de forma geral podemos observar que:
-O confinamento decidido ao nível nacional e o medo
dos indivíduos de serem infetados pela Covid-19 beneficiaram claramente as
lojas de proximidade;
-As restrições impostas na restauração levaram a
uma aceleração das vendas nas lojas do retalho alimentar. Assim, no retalho,
registou-se um aumento de venda de produtos Pronto a Comer e um aumento do
cesto médio de compras;
-Aliás, nas zonas mistas, onde habitualmente se
juntam à população residente muitos turistas durante o Verão, a penalização da
ausência de turistas foi compensada - e em muitos casos largamente - pela
transferência de compras nos restaurantes para as lojas do retalho alimentar.
O panorama parece idílico para o retalho de pequena
e média dimensão, mas observando a situação de mais perto, podemos ver que:
-Os retalhistas interpretam mal as razões que levam
os consumidores a pôr os pés nas suas lojas. Eles confundem a obrigação que
tiveram os consumidores de comprar perto de casa com o reconhecimento da
qualidade da loja;
-O sub-investimento no retalho alimentar de média e
pequena dimensão é uma doença crónica e, é de constatar que mesmo os bons
resultados como aqueles de 2020 não levaram os retalhistas a investir para enfrentar
o futuro em melhores condições;
-As insígnias do retalho alimentar organizado,
integrado ou associado, continuaram a executar os planos de reorganização e de
melhoramento das lojas. A prazo, o fosso que existe entre o comércio
independente e/ou associado (leve) e o comércio organizado vai tornar-se
inultrapassável.
Como a pandemia continuará em 2021, é de esperar
que o retalho de proximidade continue a ser a solução de proximidade nas zonas
que forem sujeitas de vez em quando a confinamento parcial; tanto para a compra
de produtos de mercearia como para a compra de produtos de substituição à
restauração.
Portanto, até 2022 a vida será bela! Mas com os investimentos
constantes das grandes insígnias e o sub-investimento do retalho alimentar de
média e pequena dimensão independente, os anos seguintes avizinham-se
desafiantes!
O seu sucesso
está nas suas mãos!
RB