A nossa época está marcada pelas turbulências económico-financeiras,
provocadas pelos meios financeiros, que desnorteiam os cidadãos. Nesta atmosfera
de crise está a emergir, segundo boatos do mercado, a ideia do Franchising
Pingo Doce. Se for mesmo verdade, será um novo vírus para desnortear a distribuição
portuguesa?
O
franchising pressupõe que um franchisador (neste caso “Pingo Doce”) ponha ao
dispor de franchisados, o seu “Know How” mais um conjunto de apoios técnicos em
termos de marketing, jurídicos, de gestão, de logística etc.. Em contrapartida,
o franchisado deve trazer o capital necessário para os investimentos, o seu
trabalho, a sua dedicação, a sua lealdade, e pagar o contrato de franchising.
Sem dúvida
nenhuma que “Pingo Doce” possui o “Know-How”, uma sólida experiência no
universo da distribuição! Ninguém terá muitas dúvidas sobre este ponto mas,
existem outras perguntas como:
Se o
franchising é uma forma jurídica-comercial do comércio associado, utilizada por
uma empresa franchisadora sem grandes meios próprios de investir, que quer penetrar
rapidamente num mercado, qual seria a razão de “Pingo Doce”? Já está muita
representada nos centros urbanos de Portugal, e não precisaria de ir buscar
capitais de franchisados, particulares que podem querer apostar num futuro
melhor!
Como é que
poderia nascer esta ideia num país que enfrenta uma grave crise económico-financeira
e, uma grave crise demográfica que segundo as predições irá fazer com que
Portugal perca muita população nas décadas futuras?
Como é que
os franchisados poderiam ser bem representados em termos de tomada de decisões,
quando o franchisador tem meio milhar de lojas próprias? Não seria um casamento
comercial desequilibrado logo à partida?
Qual seria
a liberdade de contestar decisões e, até recusar aplicar determinadas decisões
por parte do franchisado? Qualquer profissional da distribuição, de comércio
associado quer grossista quer retalhista, conhece as dificuldades ligadas à
gestão diária de interesses nem sempre convergentes!
Quem
definiria a localização do ponto de venda e se responsabilizaria pela respetiva
pertinência em termos qualitativos e quantitativos? Seria o franchisador ou o
franchisado que teria aceite assinar o contrato?
Quais
seriam os critérios de recrutamento dos novos franchisados; o dinheiro que
possuiriam os mesmos ou os respetivos conhecimentos técnico-profissionais? De
facto, o perfil procurado seria mais o de investidor ou mais o de comerciante?
…/…
Se calhar a ideia é apenas desnortear empresários da
distribuição associada que acham que a galinha do vizinho é melhor do que sua! Se
for apenas este caso, faz parte da arte da “intox”…
Eu diria para brincar; “amanhã veremos se haverá um amanhecer!
Mas, parece que já não há!”
RB