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sábado, 6 de janeiro de 2018

Políticas de extração e políticas de inclusão

Para muitas pessoas, o início do ano é um momento de reflexão sobre o desenrolar dos dozes meses a vir. No fim de 2017 deixei-me seduzir por um livro que leio com bastante interesse. Trata-se do livro PORQUE FALHAM AS NAÇÕES – AS ORIGENS DO PODER, DA PROSPERIDADE E DA POBREZA de Daron Acemoglu e James A. Robinson. 
Capa do livro 
Os autores do livro explicam através de muitos exemplos que as razões da pobreza ou da riqueza das nações é o resultado de implementação de instituições e de políticas económicas erradas, e não as consequências da origem dos indivíduos, do clima, da cultura, da localização geográfica. Eles explicam que certas instituições são extrativas e outras inclusivas: 
As instituições extrativas favorecem um grupo reduzido de pessoas ao detrimento da maioria das pessoas que vive na pobreza, ver sobrevive apenas. As riquezas são concentradas e os monopólios fortes, o que impede os indivíduos que não fazem parte do grupo favorecido de poder ter expetativas de um dia chegar ao topo. Pior ainda, as instituições extrativas levam os indivíduos a não fazer nada, por medo de retorsão daqueles que possuem e dirigem. De facto, para quê esforçar-se quando o risco de ver ser confiscado o fruto do trabalho e dos esforços é muito elevado e extremamente provável? 
As instituições inclusivas proporcionam a todos os cidadãos a possibilidade de criar: criar uma empresa, criar um património, criar sucesso para si-mesmo e por ricochete para a comunidade. As instituições inclusivas abrem de facto o leque das possibilidades de sucesso a qualquer indivíduo. As instituições inclusivas podem, é verdade, ter como consequência o facto de as ideias novas serem tão revolucionárias que destroem o que existia. O setor informático revolucionou bastantes setores económicos mas, também criou muitas novas oportunidades. 

Lendo este livro, lembrei-me de que o sucesso estrondoso dos grupos de distribuição moderna teve na origem a implementação de políticas inclusivas no seio desses grupos. Poucas pessoas com grande formação estavam interessadas em trabalhar numa atividade vista como sendo menor e pouco gratificante. A maior parte dos quadros dos grupos de hipermercados vinha do terreno, eram colaboradores que tinham uma vontade feroz de vencer, que davam os seus dias e muitas vezes também as suas noites para fazer funcionar a “máquina”, que estavam 100% disponíveis para ir viver para a outra ponta do país para subir na hierarquia. Existem bastantes exemplos de colaboradores de lojas que passaram de empregados de base a diretores de loja e, bastante bons em termos profissionais. 

Não será que o mal-estar que parece existir hoje em muitas lojas é o fruto da implementação, cada vez mais importante, de políticas económicas extrativas, que deixam os seus colaboradores com uma sensação de “aqui, nunca poderei melhorar a minha vida”? Se a interrogação estiver certa, não é bom nem para uns nem para outros. 

Uma coisa continua a ser certa e fundamental; o sucesso move as pessoas. As empresas devem acreditar nas pessoas e desenvolver políticas inclusivas que levem os indivíduos a dar o  melhor deles próprios. Uma vez mais voltamos à lei do dar e receber. 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

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