Definir a implantação dos produtos continua a
stressar muitos donos ou responsáveis de lojas. Para a maior parte deles a
palavra implantação é quase esotérica, uma espécie de coisa fora do alcance da
maioria das pessoas.
…. não deveria, porque afinal a implantação fala do consumidor
Pois é, uma implantação de
produtos deve corresponder aos consumidores, à sua forma de viver, de utilizar
os produtos, às suas expetativas, às suas crenças, às suas motivações. Nenhum responsável
de loja deveria fazer uma implantação no intuito de se satisfazer a si mesmo,
seria um erro porque a sua missão é outra ou seja é tentar satisfazer a
totalidade dos clientes que percorrem os seus corredores.
A implantação é em parte uma consequência do sortido da loja
As dificuldades de
organizar a implantação dos produtos começam muitas vezes com uma escolha mal
feita do sortido. Como é que uma loja com um sortido que nunca acaba pode ter
uma implantação capaz de seduzir um cliente? A proliferação desenfreada de
referências vai provavelmente gerar mais confusão de leitura da oferta do que provocar
mais vendas. Aliás, poucos retalhistas fazem uma análise ABC regular das suas
famílias ou segmentos de produtos. Sem acompanhamento analítico do sortido,
muitas referências entram e poucas saem, gerando um empate financeiro indesejado
no stock e, por ricochete, uma possível acentuação da quebra e um custo
acrescido de manipulação dos produtos.
A implantação dos produtos deve seduzir os clientes para que se
tornem compradores à 100%
A ideia é seduzir os
clientes para que passem da intenção de compra à compra. É fácil perceber que a
sedução torna-se mais complicada quando o cliente passa mais tempo a andar na
loja à procura de qualquer coisa do que quando está numa situação de
comunicação/comunhão com produtos bem apresentados, destacados, valorizados e
encadeados entre eles de forma coerente. É tão corrente ver clientes nas lojas
a andar sem rumo como se estivessem perdidos.
Não há sedução sem organização da legibilidade da oferta
A sedução corresponde a uma
atração positiva. Como é possível levar o cliente a ser seduzido pela oferta
quando este não consegue perceber o que lhe é apresentado? A noção de
legibilidade da oferta pressupõe a sua capacidade de ser lida, uma noção
diferente e mesmo complementar da noção de visibilidade da oferta, que ela tem
a ver com a capacidade de ser vista. Numa loja, os produtos podem estar
visíveis mas tão mal implantados que os clientes não conseguem ler a oferta, ficam
baralhados, e no final desistem de comprar.
A implantação não é vertical ou horizontal; de facto é mista
Existe uma guerra de
posição entre aqueles que defendem a implantação vertical e aqueles que
defendem a implantação horizontal. Para mim, esta guerrinha é estéril e não tem
razão de existir porque de facto as implantações são mistas em geral, ou seja:
- vertical no segmento e
horizontal por marca ou;
- vertical por marca e
horizontal por segmento
As implantações deveriam ser sempre preparadas no papel
O maior problema ligado a
uma implantação ou reimplantação de produtos é a sua preparação. Preparar uma
reimplantação é uma tarefa extremamente importante e no entanto, é uma tarefa
totalmente negligenciada no universo dos retalhistas independentes ou
associados. No seio dos grandes grupos, existe sempre um departamento cuja
atividade consiste em elaborar planogramas que serão aplicados nas lojas da
insígnia. No retalho independente, as implantações são feitas na loja, frente
às prateleiras e sem organização prévia, um amadorismo que tem as suas
consequências na pertinência final da organização do linear.
Como expliquei no decorrer
de uma formação técnica na semana passada, a reimplantação de uma parte da loja
deveria ser baseada na análise dos segmentos de produtos objeto da
reimplantação, para tomar decisões em termos de referências a remover do cardex
ou a introduzir, e na elaboração de um planograma (pelo menos de massas) à
escala.
Não é uma tarefa fácil mas
é uma tarefa indispensável!
Profissionalizar as tarefas essenciais da
gestão dos produtos no linear é impreterível para qualquer ator da
distribuição. Não se trata de ter acesso a programas de elaboração de
planogramas, trata-se sim de desenvolver um processo técnico fulcral para a
gestão dos produtos no linear. Procurar a melhor implantação para uma família
de produtos é procurar o ponto de equilíbrio entre a satisfação dos clientes e
a rentabilidade da empresa, duas exigências que vão de par!
Boa reflexão e
bom trabalho,
O seu sucesso
está nas suas mãos!
RB
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