A Covid-19 abateu-se sobre Mundo, sem que este estivesse
preparado para isso. Nenhum think tank(*) tinha preparado os governos para definir
planos para um acontecimento tão forte, mortífero e repentino. Poderemos, mais
tarde, conferenciar sobre o que devia ter sido pensado, antecipado, preparado,
organizado para fazer face a um flagelo desta envergadura. É fácil imaginar que
não haverá culpados entre os governantes, os sábios, e os científicos. In fine,
os morcegos serão os únicos culpados por terem despoletado a pandemia da
Covid-19.
Vamos ficar bem
Estas 3
palavras foram rapidamente difundidas para dizer que afinal vamos sair bem deste
momento de tormenta.
Parecem 3
palavras contrárias ao que vai acontecer porque como tudo na vida tem um preço,
e que qualquer conta tem de ser paga, vamos ter de sofrer, e provavelmente
sofrer muito. Sofrer para pagar as
contas da casa, sofrer para
encontrar um novo emprego, sofrer
para pagar os estudos para quem tiver filhos na universidade, sofrer para arranjar dinheiro para ir
ao médico e pagar os medicamentos, e possivelmente sofrer para pôr comida na mesa!
De fato,
cada segmento da vida dos cidadãos será objeto de sofrimento. Um sofrimento que
começou com o medo de apanhar o vírus e a obrigatoriedade de ficar em casa.
Fiquem em casa, uma frase necessária mas uma
frase dolorosa para a economia e o social
Como negar
a amplitude dos problemas, quer económico quer sociais? De forma evidente o
social vive dificilmente quando o económico não funciona. Não é uma ideia
política, mas sim um facto incontornável e inegável! Nenhum estado “fabrica”
dinheiro à noite para ser distribuído logo ao alvorecer!
O confinamento provocou a queda de sectores
pesados da atividade económica
O setor
turístico está de rastos. A hotelaria incluindo o alojamento local, a
restauração e, por extensão todas as atividades ligadas ao turismo, vão
registar perdas brutais e um conjunto de empresas deverão fechar por falência.
A falta de atividade vai provocar uma queda abissal da faturação dos
estabelecimentos e dos respetivos lucros. Por ricochete, todos os empregos
ligados às atividades turísticas serão apanhadas na teia das dificuldades.
-Quantas
empregadas de limpeza não vão ter acesso ao rendimento mais consistente do
Verão?
-Quantos
estudantes vão perder a oportunidades de pequenos empregos de Verão, na
hotelaria, na restauração, nas atividades turísticas laterais que permitem
pagar o ano de estudos seguinte?
-Quantas
famílias apostaram na compra a crédito de um apartamento para “fazer o
alojamento local” e obter um rendimento suplementar e necessário para o resto
do ano, para toda a família? Quantas podem perder ou até vão perder as suas casas
por falta de capacidade de pagar as prestações?
-Quantos
restaurantes vão fechar de vez por não ter rentabilidade?
-Quantas
empresas de aluguer de carros vão ter um ano negro? Quantas fecharão?
-Quantas
lojas de “gifts” vão fechar por não haver turistas ou seja por não haver
clientes?
-Quantos
fornecedores de lojas de “gifts” vão ter um ano em branco ou, não vão conseguir
aguentar e terão de fechar?
Em termos
de empresas que gravitam à volta dessas empresas que têm o turismo como fundo
de comércio, podemos interrogar-nos sobre o futuro de empresas que fornecem o
serviço de combate às pragas, de empresas que subcontratam a limpeza da roupa,
que fornecem os consumíveis para as caixas registadoras…
O leitor
poderá facilmente aplicar este raciocínio a outros setores de atividade e ver
como é que em cascata todos vamos perder. Se tiver cinco minutos para refletir,
imagine as consequências em cascata da crise atual no setor da moda e no setor
automóvel. Verá que o panorama é assustador.
Os retalhistas independentes parecem ser
menos afetados
É verdade
que o confinamento teve como efeito a dinamização do comércio de proximidade alimentar.
Ninguém
pode interpretar esta subida de faturação como uma adesão dos consumidores, mas
sim como uma consequência do estado de emergência e da obrigação do
confinamento.
Se a
conjuntura inicial foi favorável ao comércio de proximidade alimentar e
portanto amplamente favorável ao comércio independente e/ou associado alimentar,
os tempos a vir serão outros.
-O fim do
confinamento e a reabertura progressiva das atividades vão levar os
consumidores às lojas mais fortes em termos de marketing de comunicação;
-A perca
de rendimento como foi sublinhado no parágrafo precedente, vai levar muitos
consumidores a apertar fortemente o cinto e portanto a terem muito cuidado nas
despesas de supermercado.
Em termos de saúde as consequências serão
também fortes
O confinamento
levou muitas pessoas a experimentar o isolamento de longa duração. O Humano é
um ser gregário. Para ele, fazer parte de um grupo é importante e contribui para
o seu equilíbrio psicológico. O isolamento provocado pela obrigação do
confinamento vai deixar marcas num conjunto de pessoas, como o stress, o nervosismo,
a sensação de pânico, e outros desequilíbrios comportamentais.
O medo que
foi incutido através dos comunicados - se calhar necessários da DGS-, levou cidadãos
a optar por não irem ao centro de saúde com medo de apanhar a Covid-19. Ou
seja, há problemas de saúde que não foram tratados e tratamentos médicos que
foram adiados e mesmo cancelados por doentes assustados em pôr os pés no centro
de saúde.
O regresso à normalidade será em grande parte o reflexo do que
os Nossos Políticos serão capazes de fazer, para libertar as energias dos mais
empreendedores. Libertar as energias das pessoas passa por: - A reabertura rápida de atividades que provocam em cascata a dinâmica
de muitas outras; - Um tratamento fiscal que permite ao empreendedor, dono de uma empresa
de pequena dimensão, de reconstituir a tesouraria que com alguns meses de
inatividade ficou em muito mau estado.
(*) Um think tank, laboratório de ideias,
gabinete estratégico, centro de pensamento ou centro de reflexão é uma
instituição ou grupo de especialistas de natureza investigativa e reflexiva
cuja função é a reflexão intelectual sobre assuntos de política social,
estratégia política, economia, assuntos militares, de tecnologia ou de cultura.
(Wikipédia)
Um abraço
a todos os meus amigos-colegas e amigos-clientes.
RB