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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Ser comerciante é uma profissão a 100%!

De vez em quando, através do blog, tenho contatos com pessoas que querem abrir uma loja de retalho alimentar e que não sabem para que insígnia se devem dirigir e, pessoas já retalhistas interessadas numa aproximação com uma insígnia que lhes possa dar mais segurança em termos de futuro.
Na minha opinião, este tipo de contatos sublinha a falta de projeção e de comunicação das insígnias que competem no segmento das lojas de pequena e média dimensão e, também reflete uma certa angústia de alguns retalhistas assustados
com os sobressaltos socioeconómicos que abalam várias regiões do país.

Nas pessoas não comerciantes de profissão que me contatam encontram-se assalariados ou antigos assalariados, que tentam uma reconversão profissional ou que tentam - através de um negócio próprio - precaver-se no caso de desemprego.
Entre os retalhistas que me contatam, encontram-se vários perfis de profissionais, desde o retalhista assustado por trabalhar sozinho (porque as características socioeconómicas ou concorrenciais da zonas mudaram, como por exemplo o desaparecimento de um grossista independente ou a vinda de insígnias concorrentes de grande porte) até aos filhos de retalhistas independentes, formados e formatados “em termos universitários” para os grandes grupos nacionais.

Seja qual for a decisão definitiva das pessoas, sublinho sempre o ponto básico seguinte:
Ser comerciante é uma profissão a 100%! É uma profissão que exige muito do retalhista:
- Em termos de amplitude horária, pois os dias muitas vezes começam cedo e acabam tarde e, entre estas duas extremidades as tarefas do dia-a-dia não faltam, dia após dia, 365 dias por ano!
- Em termos fiscais, com a reposição das mercadorias, as compras nos armazenistas, o carregamento e o descarregamento da carrinha, a arrumação do armazém;
- Em termos comerciais, o relacionamento com os fornecedores e os clientes são tarefas de grande importância para assegurar as melhores condições de mercado e satisfazer os clientes, única forma de garantir as vendas futuras;
- Em termos de marketing, porque as políticas de localização, de sortido, de marca, de preço, de ambiente, de comunicação, de serviço e de recursos humanos exigem impreterivelmente uma forte dose de reflexão e uma capacidade pouco vulgar de pôr em causa regularmente as práticas da empresa para tentar acompanhar da melhor forma o mercado constituído pela zona de influência da loja.

A partir destes 4 pontos que juntam as exigências físicas e as exigências de gestão, cada um terá percebido que a entrega do retalhista, para ter sucesso, deve ser completa ou seja, não pode ser confiada a outros!

Se alguém quiser ser apenas investidor, pode sê-lo mas, deve saber que terá de recrutar um braço direito que tenha as competências e a disponibilidade que lhe falta e isso tem um preço; se não for assim, provavelmente o investimento não terá “return” e o fracasso será o fim da aventura.

Se alguém quiser ser comerciante e concordar com os pontos acima referidos, poderá ter sucesso, mas terá de ter a certeza de que, seja qual for a insígnia escolhida, será, ele comerciante, o decisor máximo.
Se o facto de se juntar a uma insígnia significa entregar a logística, o comercial e o marketing da loja a uma entidade externa, isso significa também perder a autonomia e tornar-se um capataz não assalariado e, portanto, totalmente desprotegido em relação a uma empresa que controlará o mercado e a loja com um investimento “zero”, pois este último terá sido feito pelo comerciante. Que comerciante lúcido, trabalhador e que sabe arriscar por si só, gostaria de se encontrar nesta situação?
RB

1 comentário:

  1. Brilhante!!

    O empenho pessoal no desenvolvimento do negócio e da relação com o cliente é muito mais importante do que ceder a um formato que caso corra bem, os méritos serão sempre do formatador porque nada podia correr mal, mas se correr mal a culpa é do formatado, porque o formato deveria correr bem. Claro, com investimento do comerciante que não tem parceiro nesse domínio.

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O Blog foi feito para proporcionar um espaço de expressão dos atores do mundo do comercio. Encorajo cada leitor a intervir, e a ser um elemento valioso de trocas construtivas para todos.