De vez em quando, através do
blog, tenho contatos com pessoas que querem abrir uma loja de retalho alimentar
e que não sabem para que insígnia se devem dirigir e, pessoas já retalhistas
interessadas numa aproximação com uma insígnia que lhes possa dar mais
segurança em termos de futuro.
Na minha opinião, este tipo
de contatos sublinha a falta de projeção e de comunicação das insígnias que competem
no segmento das lojas de pequena e média dimensão e, também reflete uma certa angústia
de alguns retalhistas assustados
com os sobressaltos socioeconómicos que abalam várias regiões do país.
com os sobressaltos socioeconómicos que abalam várias regiões do país.
Nas pessoas não comerciantes de profissão que
me contatam encontram-se assalariados ou antigos assalariados, que tentam uma
reconversão profissional ou que tentam - através de um negócio próprio - precaver-se
no caso de desemprego.
Entre os retalhistas que me contatam,
encontram-se vários perfis de profissionais, desde o retalhista assustado por
trabalhar sozinho (porque as características socioeconómicas ou concorrenciais da
zonas mudaram, como por exemplo o desaparecimento de um grossista independente
ou a vinda de insígnias concorrentes de grande porte) até aos filhos de
retalhistas independentes, formados e formatados “em termos universitários”
para os grandes grupos nacionais.
Seja qual for a decisão definitiva das pessoas,
sublinho sempre o ponto básico seguinte:
Ser comerciante é uma
profissão a 100%! É uma profissão que exige
muito do retalhista:
- Em termos de amplitude horária, pois os
dias muitas vezes começam cedo e acabam tarde e, entre estas duas extremidades as
tarefas do dia-a-dia não faltam, dia após dia, 365 dias por ano!
- Em termos fiscais, com a reposição das
mercadorias, as compras nos armazenistas, o carregamento e o descarregamento da
carrinha, a arrumação do armazém;
- Em termos comerciais, o relacionamento com
os fornecedores e os clientes são tarefas de grande importância para assegurar
as melhores condições de mercado e satisfazer os clientes, única forma de garantir
as vendas futuras;
- Em termos de marketing, porque as políticas
de localização, de sortido, de marca, de preço, de ambiente, de comunicação, de
serviço e de recursos humanos exigem impreterivelmente uma forte dose de reflexão
e uma capacidade pouco vulgar de pôr em causa regularmente as práticas da
empresa para tentar acompanhar da melhor forma o mercado constituído pela zona
de influência da loja.
A partir destes 4 pontos
que juntam as exigências físicas e as exigências de gestão, cada um terá
percebido que a entrega do retalhista,
para ter sucesso, deve ser completa ou seja, não pode ser confiada a outros!
Se alguém quiser ser apenas investidor, pode
sê-lo mas, deve saber que terá de recrutar um braço direito que tenha as
competências e a disponibilidade que lhe falta e isso tem um preço; se não for
assim, provavelmente o investimento não terá “return” e o fracasso será o fim
da aventura.
Se alguém quiser ser comerciante e concordar
com os pontos acima referidos, poderá ter sucesso, mas terá de ter a certeza de
que, seja qual for a insígnia escolhida, será, ele comerciante, o decisor máximo.
Se o facto de se juntar a uma insígnia significa
entregar a logística, o comercial e o marketing da loja a uma entidade externa,
isso significa também perder a autonomia e tornar-se um capataz não assalariado
e, portanto, totalmente desprotegido em relação a uma empresa que controlará o
mercado e a loja com um investimento “zero”, pois este último terá sido feito
pelo comerciante. Que comerciante lúcido, trabalhador e que sabe arriscar por
si só, gostaria de se encontrar nesta situação?
RB
Brilhante!!
ResponderEliminarO empenho pessoal no desenvolvimento do negócio e da relação com o cliente é muito mais importante do que ceder a um formato que caso corra bem, os méritos serão sempre do formatador porque nada podia correr mal, mas se correr mal a culpa é do formatado, porque o formato deveria correr bem. Claro, com investimento do comerciante que não tem parceiro nesse domínio.