A dinâmica de uma rua resulta largamente do somatório da
dinâmica de cada loja que compõe a oferta comercial, e também das decisões
tomadas pelo poder político. A associação dos comerciantes deveria ser vista por
cada comerciante como uma entidade coletiva capaz de defender os interesses
comuns, com impacto direto na defesa dos interesses particulares.
A associação dos comerciantes pode defender um ponto básico:
Onde há comércio, há vida e, a vida aberta é
um antídoto natural para certos comportamentos como as agressões ou o consumo de substâncias ilegais.
um antídoto natural para certos comportamentos como as agressões ou o consumo de substâncias ilegais.
Os bairros onde não existem
lojas são zonas onde tudo pode acontecer longe dos olhos dos outros. São zonas
onde quem tenha qualquer coisa para esconder se pode refugiar ou sentir-se em
paz e livre para fazer o que bem entender. A dinâmica comercial é portanto
essencial para preservar a calma e a serenidade de uma rua, um bairro, uma
cidade. O interesse comercial junta-se ao interesse político e de forma
principal ao interesse da população.
A organização da deslocação das pessoas é um tema muito delicado
em termos de gestão do município.
Uma cidade ou qualquer uma
das suas subdivisões, segundo os momentos do dia, ou é um ponto de convergência
ou é um ponto de divergência de muitas pessoas. É portanto necessário favorecer
a boa chegada daqueles que entram e a boa saída e a fluidez daqueles que saem. A
organização da deslocação das pessoas é pois uma tarefa complicadíssima. Ela
deve ter em consideração o número de pessoas em causa a chegar e a sair, os
diferentes modos de transporte utilizados pelas pessoas, os momentos de chegada
e de saída, os meios físicos de deslocação - dos peões, dos utilizadores de
bicicletas ou de motas, dos carros, dos autocarros, dos comboios -, os meios de
parqueamento dos veículos…etc.
Esta tarefa é tão complicada
e tão importante para a vida da cidade que em qualquer cidade, os comerciantes
deveriam juntar-se e participar de forma ativa numa associação de comerciantes suficientemente
forte e credível para ser um interlocutor incontornável!
Uma coisa é certa, o
comerciante é um espetador ativo da dinâmica de rua porque ele vive a rua todos
os dias e, durante a maior parte do dia. Ele é portanto o ator da rua mais bem
colocado para observar o que constrange ou facilita a vida das pessoas. Ele sabe,
porque isso tem um impacto na sua atividade comercial, o que penaliza ou
facilita a deslocação dos potenciais clientes. Ele pode, se for bem utilizado
pelo poder político local, contribuir de forma muito construtiva para a
reflexão sobre as ações a levar a cabo para favorecer a dinâmica das cidades,
dos bairros e das ruas.
A má articulação da
deslocação das pessoas nas zonas urbanas é ainda mais sensível, porque tem
consequências ainda maiores nas zonas de grande impacto turístico. Nestas zonas
de grande turismo, sobretudo zonas litorais, a época turística é limitada em
termos de duração e, qualquer má articulação da deslocação das pessoas penaliza
fortemente os comerciantes e por ricochete a atividade comercial e o emprego.
A associação dos
comerciantes deveria ser encarada pelos próprios comerciantes como um elemento
do seu mix-marketing, que permite
trabalha a variável “Localização” do ponto de venda. Alias, é patente que os
grandes grupos integrados ou associados “sabem negociar”, com os responsáveis políticos
locais, em função da sua própria reflexão sobre a variável política de
localização.
A associação dos comerciantes deveria ser vista, por qualquer
comerciante, como um meio coletivo, útil para cada comerciante em particular.
RB
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