Parece que o post “O cliente escolhe quase sempre o original em vez da cópia!” de 10 de Fevereiro de 2019 foi comentado
aqui e ali. Na medida em que o blog “Alojadaminharua” quer ser um espaço que
permite refletir, eu acho que atingi o objetivo e orgulho-me disso. Também é
verdade que a qualidade e a pertinência dos comentários dependem da qualidade
técnica dos comentadores.
Queria aqui ajudar quem tem
dificuldades em perceber o que lê.
Estamos a viver um momento em que rebentaram os diques urbanos
em relação à expansão dos grupos líderes da grande distribuição alimentar
Relembro aos leitores que
numa primeira fase, que corresponde às últimas décadas do século passado, os
grupos da distribuição organizada cercaram os grandes centros urbanos com lojas
de grandes dimensões: foi a irresistível ascensão da fórmula hipermercado.
Duas insígnias - por razões
de modelo e de história própria - estavam presentes nos centros urbanos:
Minipreço (modelo soft discount na altura) e Pingo Doce.
Relembro que:
- a barreira de
hipermercados localizados nos arredores diretos dos centros urbanos aspirou as
despesas alimentares das populações periurbanas e urbanas;
- Pingo Doce passou por uma
fase complicada, em consequência de um custo logístico brutal, hoje chamado
custo do último quilómetro.
Relembro que nessa altura,
nos grandes centros urbanos, os retalhistas independentes tinham um papel de
destaque e achavam que dificilmente poderiam um dia ser alvo de uma
concorrência dos grandes grupos. Eu faria aqui um paralelo com as zonas do
litoral, e nomeadamente a região Algarve, onde as empresas tradicionais, quer
grossistas quer retalhistas ou mistas tal com Aliccop/Alisuper, achavam que
eram as únicas capazes de gerir lojas com um impacto forte da sazonalidade.
As evoluções tecnológicas que beneficiam fortemente a atividade
logística, a pressão comercial que obriga os grandes grupos da distribuição a
continuar a sua expansão, e o aumento do perímetro e da densidade das zonas
urbanas modificaram o panorama descrito no parágrafo supra.
Assim, todos os atores de relevo da
distribuição moderna quiseram entrar nas cidades, nos centros urbanos. Não é
uma particularidade portuguesa pois quem for a Praga, Roma, Madrid, Londres ou
Paris pode observar a mesma tendência. No caso português, ainda esta semana foi
divulgada uma informação segundo a qual a Sonae queria abrir ainda algumas 200
lojas. Claramente, a dinâmica da Sonae será acompanhada pelos seus competidores
ou seja, Jerónimo Martins, Auchan, Intermarché, Lidl.
Obviamente estas lojas abrirão onde há
consumidores, portanto nos centros urbanos. Haverá um aumento significativo da
pressão comercial em Lisboa e no Porto e nos grandes centros regionais. Quando passeio em Lisboa, observo que as
mercearias de rua são cada vez mais lojas detidas por indianos, onde o impacto
da central Unapor é evidente.
No post “O cliente escolhe quase sempre o original, em vez da cópia!” de 10 de Fevereiro de 2019, sublinhei
que os associados ou franchisados de uma insígnia, que faz parte de uma
organização integrada, correm o risco de ter como concorrente mais forte nas
suas zonas de atração uma loja integrada que pertence à mesma organização
geral.
No caso de Lisboa, caso concreto do post, aceito qualquer
comentário que indique uma outra alternativa às alternativas que apresentei a título
de exemplo: Intermarché ou Coviran ambas organizações do comércio independente
associado. Qualquer comentário deverá integrar a
capacidade que tem a organização a montante de abastecer diariamente a
totalidade de uma loja moderna com uma superfície de 300m2 até 500m2, quer em
produtos secos, quer em produtos frescos, sabendo que uma loja urbana deste
formato corresponde, hoje em dia, a um investimento avultado, incompatível com
uma gestão elástica dos aprovisionamentos, do sortido em geral e dos frescos em
particular, e que obriga a uma gestão da relação cliente rigorosa baseado na
existência de um cartão de fidelidade e de uma relação constante com os seus
possuidores.
Agora se eu tivesse abordado as regiões de Coimbra, Aveiro,
Penafiel, Espinho, Bragança, em alternativa aos grupos
integrados, eu podia também citar e sugerir as organizações que promovem a Rede
Aqui É Fresco tais como:
- M. Cunha, na região
Centro-Norte;
- Os armazéns da Santa, na
região de Bragança – Macedo de Cavaleiros;
- Marabuto, na região do
litoral Centro e região Centro;
- Pereira & Santos que
atua num raio de 70km à volta de Coimbra.
Estou plenamente consciente de que a qualidade
e a pertinência dos comentários dependem da qualidade técnica dos comentadores.
Não posso acreditar nem por uma fração de segundo que quem tenha funções de direção possa não perceber ou contradizer o
teor destes “posts”. Se for o caso, o que tenho realmente dificuldades em
acreditar, seria uma confissão de grande incompetência desses responsáveis!
Boa reflexão e
bom trabalho,
O nosso sucesso está nas nossas mãos!
RB