A escala faz a diferença
A dimensão de uma empresa
de distribuição é um elemento fulcral para justificar os custos da logística, para
absorver impactos financeiros ou para libertar meios para o marketing e o
comercial.
Como justificar uma base
logística quando a insígnia possui apenas meia dúzia de lojas e às vezes ainda
menos?
Como conseguir condições de
compra vantajosas quando o peso negocial se limita a alguns dezenas de milhões
de euros de faturação anual?
Como organizar uma campanha
de comunicação que dê resultado com impacto forte e no tempo, quando o “budget”
é por necessidade curto?
Como dinamizar os recursos
humanos da insígnia quando a política de expansão é quase ou completamente inexistente?
A corrida à expansão é uma necessidade para os majores!
Não é por o acaso que os
majores da distribuição portuguesa andaram a multiplicar, numa primeira fase,
as lojas de tipo Hipermercados e supermercados grandes e, numa segunda fase,
lojas de tipo urbano; foi uma mera necessidade para cada um deles para ganhar a
melhor penetração possível no país. A qualidade das negociações comerciais e a
sobrevivência de cada grupo não deixam outras alternativas!
Os comerciantes independentes competem com os grupos integrados
O grupo Intermarché, grupo
de comerciantes independentes associados, é o maior exemplo da resistência dos
comerciantes independentes à forte pressão concorrencial dos grupos integrados
como por exemplo a Sonae, Auchan ou Jerónimo Martins. Num registo mais reduzido
mas louvável, a empresa Coviran, sobretudo posicionada no retalho alimentar de
pequena e média dimensão, é um outro exemplo da resistência dos comerciantes
independentes. Voltando ao caso da
Intermarché, a mutualidade, que é a base do funcionamento do grupo, permite uma
organização global extraordinária posta ao serviço de cada um dos associados.
Esta organização permite uma logística poderosa, uma força negocial elevada,
uma pressão marketing e comercial importante.
Se as pequenas insígnias vão desaparecer, o que é que vai ficar?
As grandes insígnias que
hoje são os majores da distribuição vão continuar a existir, com pequenas
alterações possíveis na consequência de possíveis fusões ou de compra por
outros grupos.
Poderemos ver surgir novas
insígnias, encostadas a grupos líderes do universo digital; Amazon, Alibaba e
outros já mostraram as suas competências no setor do retalho alimentar.
É possível que certas
insígnias regionais de pequena expressão sejam compradas por operadores de
maior dimensão, que quererão aumentar a sua presença regional. Todavia, as
insígnias que outrora tiveram uma vida comercial extraordinária, mas que por
incompetência e falta de visão dos seus dirigentes não conseguiram acompanhar
as evoluções, que no entanto eram simples a implementar, vão desaparecer.
O retalho independente vai
continuar a existir porque corresponde à expressão de criador de empresa;
pessoas que acreditam e têm fé nas suas opções e nas suas ideias. Esses
retalhistas vão implementar novas fórmulas comerciais e farão as suas compras
via novos canais e com novos operadores de fornecimento de mercadorias, que
poderão ser diferentes dos grossistas tradicionais.
Eu já tinha escrito no “post” O metrônomo, de 24 de Setembro de2017, que Caronte ia ter muito trabalho…e ele vai ter!
Boa reflexão e bom trabalho,
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB
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