Para
as empresas do setor da distribuição, 2012 foi um ano em que as MDD (Marcas dos
Distribuidores) subiram fortemente, contribuindo cada vez mais para uma parte
significativa do negócio; de facto, as MDD representam agora +/- 40% das vendas
e, se juntarmos as MDD e os PP (“Primeiros Preços”) estamos a alcançar +/- 44%
das vendas.
Em termos gerais, 2012 está quase a acabar e vai deixar um sabor amargo para muitas pessoas. Com a crise sendo o que é, a recuperação económica ainda está longe de alcance. No entanto, 2012 ainda foi um ano onde o “sonho” de dias melhores permitiu que a quebra não fosse ainda maior.
Ora bem, as empresas
grossistas e/ou retalhistas pouco ou mal estruturadas em termos de MDD e de PP,
passarão cada vez mais ao lado do mercado e verão uma queda forte da
frequentação dos seus espaços comerciais e/ou Pontos de venda, das suas vendas e
por fim da sua rentabilidade.
2013 será - segundo os especialistas - um ano ainda mais
complicado do que 2012, com as famílias a terem de viver com menos dinheiro e a
terem de pagar contas ainda mais pesadas. Os grupos líderes da distribuição
estão a reagir e aproveitar a crise para aumentar a sua quota de mercado,
conseguindo assim ter uma capacidade negocial ainda maior em relação aos
fornecedores. As informações de mercado indicam um reforço das respetivas posições
do Continente e do Pingo Doce.
Para
falar apenas da insígnia Continente, gostava de sublinhar alguns pontos:
-
Continente está a reforçar a presença da marca Continente, como já o sublinhei
supra;
-
Continente não conseguiu avançar como queria com o seu projeto de “Franchising”
de loja de retalho “Meu Super”. Aliás isso confirmou a minha análise do ano
passado, quando eu dizia que este projeto me parecia demasiado desfasado em
relação ao mercado retalhista;
-
Continente estaria em vias de conseguir comprar a GCT e as suas lojas de retalho.
Neste
ponto, sublinho o seguinte: Se a Sonae
conseguir concretizar a compra da GCT, as dificuldades do setor grossista serão
ainda maiores, com mais um operador que tentará partilhar com a JM e a Makro o
mercado português, esmagando as condições comerciais a partir da sua própria
atividade grossista. Se este cenário se verificar, veremos a Sonae entrar em
força nos segmentos da restauração e da hotelaria e no segmento do retalho. O
setor grossista independente poderia conhecer momentos sombrios porque nós
sabemos que a restauração está numa fase de grande contração e que o retalho de
pequena dimensão e independente está a perder pontos de venda em todas as zonas
do país. Ou seja, com mais um operador, o setor grossita deverá partilhar um
mercado em diminuição em termos de faturação e em termos de número de
pontos de venda.
O
meu maior receio é que a Sonae desenvolva, depois de ter testado sem grandes
resultados a fórmula do franchising
com a insígnia “O Meu Super”, uma cadeia de Pontos de venda retalhistas sobre a
forma de comércio sucursalista, forma de comércio que já abordei em posts
anteriores (1) e que me parece a única forma que pode favorecer a
Sonae nas lojas de LPD – Lojas de Pequenas Dimensões!
Chegou o momento para os “players” do setor
grossista de analisar com lucidez a situação, para tomar as decisões estratégicas
que permitirão a sua sobrevivência nos próximos anos. Quaisquer erros terão forçosamente
consequências desastrosas!
Chegou o momento para os “players” do setor
retalhista de saber quem são as estruturas e as organizações que mais poderão
defender os seus interesses, a curto, médio e longo prazo. Os retalhistas independentes
e associados do comércio associado flexível que querem continuar a ser donos
das suas empresas e a ser quem toma as decisões comerciais e de marketing, e quem
faz opções empresariais próprias, deveriam proteger o seu negócio dando
preferência a quem lhes proporciona melhor e maior liberdade!
(1) O sucursalismo: A fórmula comercial que faz falta! de 30 de maio de 2012 e, Porquê o sucursalismo. de 04 de Junho de 2012.
RB
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