Portugal é um país no qual se
pede ao Estado que desempenhe um papel social, capaz de garantir um equilíbrio entre
todas as componentes da nação. Isso não
é condenável; pelo contrário, permite que Portugal seja um país onde é bom viver,
onde as diferenças entre os cidadãos não são um sinónimo de fosso social
criador de violência entre as pessoas.
Todavia, para desenvolver
este papel, o Estado precisa de financiamento, que passa pelo arrecadamento de impostos
ao nível dos particulares e das empresas. Neste âmbito, e para evitar a fuga aos impostos, a solução adotada é a obrigação
da emissão de um talão de compra. A ideia de complicar, ver impedir a fuga ao
fisco não é criticável; afinal o Estado faz o seu trabalho. Não! O que é criticável
é obrigar a emitir um talão de compra para qualquer compra! É absurdo e não é compatível
com a gestão da rentabilidade de numerosos pequenos comércios.
Vejamos os casos do retalho
alimentar
ou das atividades da Horeca. Será que esta obrigação de emissão de um talão de compra é compatível com a exigência de um nível de margem capaz de assegurar a sobrevivência dos comércios de pequena dimensão? Eu diria que não!
ou das atividades da Horeca. Será que esta obrigação de emissão de um talão de compra é compatível com a exigência de um nível de margem capaz de assegurar a sobrevivência dos comércios de pequena dimensão? Eu diria que não!
Porquê?
Porque em numerosas lojas, muitas das transações são feitas com valores baixos,
bem inferiores a 5 €. Os exemplos não faltam nos cafés, onde muitas das vendas concernem
a venda de uma bica, de uma água, de um rissol ou, de uma pastelaria de valor inferior
a 1€. Também não faltam exemplos no retalho alimentar, quando a loja tem uma
atividade baseada na desempanagem ou na venda de faltas de último minuto. Emitir
um talão é um custo que torna a venda não rentável e, leva a loja a ter prejuízo
venda após venda. É preciso ver a realidade e aceitá-la! Emitir um talão de
compra quer dizer:
- Pagar uma máquina registadora que responde a requisitos legais;
- Pagar o papel do respetivo talão;
- Pagar a tinta utilizada para emitir o talão;
- Pagar a energia utilizada para fazer funcionar a máquina registadora;
- Pagar a parte do ordenado imputado a esta operação;
- Afinal, para muitos comerciantes, emitir um talão em papel é um sério castigo que prejudica a empresa, cliente após cliente, dia após dia.
Porquê
não rever esta situação? Se o fundamento desta decisão é evitar a fuga ao fisco,
porquê não adotar outras medidas, tais como uma melhor fiscalização das
empresas pelos inspetores dos impostos ou a obrigação de registar cada transação, mas
com a autorização, para os comerciantes, de não entregar talão de compra até 5€
de compras?
No atual momento de
dificuldades deveria haver uma reflexão de maneira a ajudar os indivíduos a
criar a sua própria empresa, de pequena dimensão mas rentável, em vez de criar barreiras que prejudicam a existência
atual dos comerciantes e que fazem com que os eventuais criadores de pequenas
empresas se retraiam.
RB
RB
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