Até há poucos anos, a atividade turística
estava plenamente associada às atividades de hotelaria e de restauração. O
orçamento de férias devia obrigatoriamente contemplar as despesas de refeições,
independentemente da fórmula escolhida: pensão completa, meia pensão ou apenas
dormida. As plataformas de arrendamento para férias
alteraram estes esquemas antigos e assistimos ao aparecimento de modificações
profundas.
O setor da restauração já não é o ator principal para as
refeições dos turistas
O
arrendamento turístico de um apartamento ou de uma casa inteira permite que as
refeições se façam no domicílio. Existem todas as condições para cozinhar pois
quase todas as cozinhas estão equipadas com fogão, forno, micro-ondas,
frigorífico, congelador, máquina de lavar a loiça, máquinas de café (para
passar o café e para usar cápsulas) …etc.
Assim,
para muitas pessoas, as contas são rápidas a fazer. E, não há comparação
possível entre comer em casa ou comer no restaurante. Imaginemos uma família
constituída pelos pais e 2 crianças e a diferença de custo entre 4 pequenos –
almoços, 4 almoços e 4 jantares tomados em casa ou tomados nos restaurantes!
Comer em casa não quer dizer matar-se a cozinhar
Felizmente
a “mulher na cozinha à frente do fogão” já não é a imagem absoluta de um lar. A
família moderna, no seu dia-a-dia, já integrou os benefícios do pronto a comer,
para satisfazer cada membro da família e aliviar o peso das tarefas domésticas
em casa. Aliás, as férias podem ser vistas como um fim de semana prolongado e,
sabemos bem que as sextas-feiras e os sábados são dias de fortes vendas de
pizas e outros produtos pré-preparados e de convívio.
Estas evoluções estão a transformar as expetativas dos
consumidores em relação ao setor da restauração e ao setor da distribuição
alimentar
Desde já
queria sublinhar que acho que nenhuma atividade vai desaparecer, mas devemos
aceitar o aparecimento de alterações profundas pois as atividades económicas
não têm outra alternativa senão seguir as evoluções dos comportamentos dos
consumidores.
Portanto
os restaurantes “mais ou menos” poderão vir a viver momentos complicados porque
os consumidores vão deixar de aderir ao “mais ou menos”, na medida em que
existem soluções de substituição, e que basta fazer alguns passos para entrar
num outro restaurante;
Os
restaurantes temáticos tais como as pizarias deverão ser credíveis em termos de
qualidade e de mais-valia, em comparação com as pizas que podem ser compradas
em supermercado;
Os
restaurantes Bio, Vegan, ou seja qual for a especialidade, vão continuar a
aparecer para surfar na onda da novidade, do “bem viver”, dos alimentas
saudáveis… etc.
Também
podemos imaginar que a tendência das plataformas on-line, que ligam os
consumidores entre eles, poderá conhecer um bom sucesso na área da restauração
na casa de particulares. Posso aqui citar a louvável iniciativa, à qual desejo
todo a sucesso que merece, Eat at a local's https://eatatalocals.com/pt. Esta plataforma criada por Joana Glória, uma jovem e dinâmica
empreendedora, conta já com centenas de casas de particulares onde os turistas
podem ir disfrutar de uma experiência gastronómica!
No setor da distribuição, as insígnias do comércio organizado - quer integrado quer associado - vão desenvolver esforços para controlar os locais de forte atividade turística. Estas insígnias têm a capacidade organizacional e uma capacidade de “fogo” fortíssima.
No setor da distribuição, as insígnias do comércio organizado - quer integrado quer associado - vão desenvolver esforços para controlar os locais de forte atividade turística. Estas insígnias têm a capacidade organizacional e uma capacidade de “fogo” fortíssima.
Observo
que durante o Verão, os supermercados com uma zona de restauração desenvolvida
e bem organizada parecem mais restaurantes do que supermercados à hora das
refeições.
Observo
também que a atividade do “Pronto a comer” é extremamente dinâmica e, veem-se
filas antes dos momentos de refeição.
Haverá
lojas alimentares de venda “a pingar” de produtos alimentares e, lojas de venda
de soluções alimentares (ideia que defendo há 20 anos): as primeiras serão
lojas de labuta e de fracos ganhos e, as segundas serão lojas de grande
atividade e de ganhos fortes!
(ver galeria de fotos no “post” https://alojadaminharua.blogspot.com/2017/06/intermarche-de-lagos-um-mundo-de.html)
O universo da distribuição está a viver uma época de grandes
alterações, que tornará Rei aquele que souber adaptar-se e que verá
infelizmente afundar-se aquele que não tiver conseguido apanhar o comboio no
bom momento.
Não se esqueça,
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB
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