Nunca tinha abordado o tema dos talhos nos “posts” de meu
“blog”. Este setor de atividade parecia prosseguir um caminho feito de uma
relação diária e duradoura com os seus clientes, que pouca coisa podia abalar.
As evoluções do panorama económico-financeiro e a pressão da
concorrência estão a ter efeitos e, nota-se uma quebra das vendas que não
parece ser passageira.
Estará este setor à beira de um cataclismo mortífero
para uma grande parte das empresas que o compõem?
Será que existem soluções que permitem um novo posicionamento
capaz de salvar as empresas de grandes dificuldades?
Para responder à primeira
pergunta, diria que a concorrência exercida pelos grupos da grande distribuição
está a ter consequências pesadas. As promoções semanais, rotativas e com grande
comunicação, sobre os diferentes segmentos de carne; aves, bovinos, ovinos,
porcinos, realizadas pelas grandes insígnias da distribuição estão a ter um
impacto forte ao nível dos consumidores em termos de atração. Que família não se
sentiria atraída por uma promoção de 25% até 50% na carne, quando deve gerir um
orçamento cada vez mais apertado? Quem é que nesta altura pode fechar os olhos ao
preço da carne, mesmo se reconhece a qualidade dos talhos tradicionais? As
insígnias de supermercados e de hipermercados sabem que, com uma quota de mais
ou menos 20% dos frescos, a carne representa um elemento da comunicação de
preço de grande impacto! Utilizar a carne como chamariz, permite encher as
lojas e vender por arrastamento o sortido global das mesmas.
Para os talhantes
tradicionais isto é um drama e provoca uma hemorragia de clientes e lucros cessantes
importantes.
O que podem fazer os
talhantes para responder a esta evolução do mercado? As soluções podem ser múltiplas
segundo as especificidades de cada ponto de venda mas, eu queria realçar uma
possibilidade, uma via, que permitiria tornar perenes as empresas oriundas do
setor do talho. Uma solução passa pela transformação dos talhos em lojas
de retalho alimentar cujo posicionamento em termos de força seria a seção talho
e charcutaria. Esta
solução de reposicionamento de numerosos talhos deveria representar uma grande
oportunidade para os talhantes, profissionais da carne, e também para os grupos
de comércio de retalho alimentar que atuam no comércio independente e no comércio
associado.
Para os talhantes: Sabendo que o talho
representa +/- 20% da faturação do Universo dos frescos de um supermercado, ou
seja +/- 10% da faturação total de uma loja, a modificação em supermercado
poderia significar a busca de uma faturação 9 vezes superior e também, uma
capacidade realmente superior de atrair e fidelizar os clientes. Para isso seria
preciso aproximar-se de um grupo ou de uma central de compras especializada no
comércio com comerciantes independentes e/ou associados.
Para os grupos ou as centrais de compras especializados no
comércio independente ou/e associado: Abordar os talhantes no
sentido de os levar a tornarem-se comerciantes do comércio alimentar de retalho
pode representar uma oportunidade de tremenda importância, numa altura em que
se constata um regresso dos consumidores à loja de proximidade. Em geral, os
talhos estão bastante bem localizados nas zonas de grande passagem e nas zonas
povoadas. Alguns talhantes poderão tornar-se retalhistas de LPD - Loja de
pequena dimensão - mas, outros poderão tornar-se retalhistas donos de uma loja
de boa envergadura de 400 até 1000m2. Ou seja, para os grupos que precisam de
encontrar “franchisados” ou “afiliados” bem situados, a solução que exponho
representa uma incrível vantagem.
Recomendo aos talhantes de todo o país, aos responsáveis de
centrais de compras, aos dirigentes grossistas e aos responsáveis de cadeias de
lojas em franchising do comércio associado, de não desperdiçar esta
oportunidade de uma aliança estratégica que se apresenta hoje. Amanhã poderá ser
tarde demais!
Bons contatos e, bom trabalho!
RB