O
artigo publicado a 8 de junho de 2012, no expresso on-line “Quota de mercado do Pingo Doce cresceu 32% em
maio” de Adriano Nobre,
apresenta as conclusões de um estudo da Kantar Worldpanel, em consequência das ações
promocionais do Pingo Doce.
Queria comentar 2
pontos das conclusões apresentadas:
A
promoção foi nacional, mas o impacto mais forte foi ao nível da região da
Grande Lisboa, região urbana por excelência, com uma forte concentração de
habitantes e também de pontos de venda. Isso explica o tal impacto, como também
a observação segundo a qual depois de ter feito as compras no Pingo Doce, um conjunto
de consumidores fez também compras em outras lojas, provavelmente nas suas
lojas habituais. Foram portanto operações comerciais que geraram um fluxo de
clientes superior ao normal, e que atraíram de facto pontualmente consumidores
geralmente não clientes do Pingo Doce.
Podemos pensar que nas regiões mais rurais, com menor
concentração de lojas, a atração não terá sido tão forte. Isso é uma boa
notícia para os grupos que têm lojas nas zonas secundárias, periféricas e rurais
tal como o grupo Intermarché, e alguns comerciantes independentes dinâmicos.
Todavia,
para qualquer comerciante, todos os cuidados são poucos para proteger o seu negócio,
sobretudo numa altura em que as certezas têm vida curta! Assim, os comerciantes
que não sentiram com força o impacto das promoções do Pingo Doce deveriam
imaginar o que devem fazer para fortalecer o seu negócio
As conclusões deste estudo mostraram ainda que o grande impulso
foi dado com clientes já habituais do Pingo Doce, que aumentaram o valor do
cesto médio.
Isso dá relevo à ideia segundo a qual é mais fácil vender a quem já é cliente. (Ver “post” de 08 de maio de 2012 - Do consumidor ao
comprador).
O Pingo Doce, com estas promoções, reforçou a sua relação comercial com os
consumidores/compradores, captando a maior fatia das despesas de supermercado
dos seus clientes e, provocando assim menos disponibilidade para gastar nas
insígnias concorrentes. Numa altura em que o bolo das despesas de supermercado
diminui as consequências são, com certeza, severas para os outros “players”. Como
o jogo de qualquer grupo de distribuição consiste em encurralar os seus
concorrentes, é fácil perceber que provavelmente vai haver outras ações e que
quem não quiser preparar-se para se defender terá um problema.
O
problema que poderia surgir e ser muitíssimo mais grave para as insígnias
concorrentes, e constituir o prelúdio a uma severa queda das respetivas
faturações, seria
a captação pelo Pingo Doce de um número elevado de novos clientes, que pudessem
transformar-se em compradores a 100%.
Os
donos de PdV, comerciantes independentes ou/e comerciantes associados, devem
fazer tudo o que estiver ao seu alcance para aumentar o cesto médio e devem atuar sem perder tempo para rever a pertinência do layout
das lojas, analisar a adequação do sortido proposto à zona de influência da
loja, analisar a sua politica de preço, a sua politica de relação com os seus
clientes e também, de maneira mais lata, de relação com o seu mercado geral.
O tempo está
a esgotar-se, e só atuações técnicas fortes num curto prazo poderão evitar o
pior.
RB
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