Este é um momento dificil para Intermarché, que está a ver
a sua quota de mercado passar para um valor inferior a 10% e voltar assim ao nível
de 2005.
No grafíco infra vê-se muito bem a trajetória seguida pelos
diferentes competidores na distribuição retalhista. (Na ausência de
dados específicos para as quotas de Continente e Pingo Doce em 2005, mas
sabendo que as duas insígnias juntas representavam 30% do mercado, estabeleci
uma relação de 20% para Continente e de 10% para Pingo Doce).
- Continente e Pingo Doce representam em
2012 45% do mercado, ou seja são os líderes incontestados;
- Minipreço, embora tenha sofrido um
momento de estaganação, provavelmente fruto das incertezas ligadas à sua afiliação
com Carrefour, está numa trajetoria crescente;
- Os outros competidores que correspondem
ao comércio tradicional e a insígnias de peso marginal estão a apresentar um
crescimento, contrariando a trajetória seguida nos últimos anos. É uma
contrepartida da crise, porque os consumidores compram mais perto da casa para
minimizar as despesas com o carro e para evitar as tentações de compra a que estão
sujeitos nas grandes superficies comerciais e, é uma demonstração da dinâmica
do comércio de pequena dimensão, independente, associado e integrado. Afinal,
como já defendi numerosas vezes, a função do retalho alimentar de pequena
dimensão corresponde a uma oferta incontornável e que não vai desaparecer tão
cedo.
- Intermarché
está a perder terreno e, mesmo se ainda é a
terceira força da distribuição, representa apenas metade de Pingo Doce e um
terço de Continente, estando a aproximar-se de Minipreço. A perda de quota de
mercado é um ponto extremamente penalizador porque tem consequências em termos
de capacidade negocial, de nível de rappel e portanto de rentabilidade.
O que
pode fazer Intermarché?
Para fazer funcionar as lojas é preciso favorecer o tráfego
cliente, condição básica necessária. Assim, Intermarché deverá tornar-se mais
visível em termos de comunicação e de envolvimento com o mercado, de maneira a
marcar com mais força a sua presença;
O favorecimento do tráfego de clientes é da
responsabilidade do grupo ao nível nacional mas também de cada loja, porque
cada franquiado é responsavel pela sua ação local. Portanto, cada dono de loja
deveria analisar a capacidade da sua loja em atrair os consumidores e analisar
a sinalética de rua em termos de pertinençia e de aspeto, a imagem que a façada
da loja projeta na rua, sabendo que uma façada degradada e envelhecida será um
elemento altamente penalizador, os boatos sobre a loja, e os seus dirigentes, e
os seus empregados, porque os boatos fazem ou desfazem a clientela.
Para fazer funcionar as lojas é preciso favorecer a compra,
ou seja transformar os clientes em compradores a 100%, e para isso é preciso:
Ter uma loja com um layout articulado a partir de um
circuito capaz de levar o cliente a entrar em contato com a maior parte, ver
mesmo a totalidade da loja;
Ter cuidado com a legibilidade da oferta de maneira a
facilitar a escolha do cliente;
Constituir o sortido que for mais adaptado às
carateristicas locais, sabendo que no caso de Intermarché os seus dirigentes estão
na primeira linha para tomar decisões ajustadas ao local;
Adaptar diariamente a loja à pressão da concorrência local;
Gerir os colaboradores, sabendo que também são
consumidores e vetor de comunicação que pode ou não ser favorável ao Ponto de
Venda;
Formar os seus colaboradores a uma maior tecnicidade,
porque o momento atual de crise e de concorrência exacerbada exige competências
técnicas.
Gráfico efetuado a partir de dados da Nielsen(YTD Agosto 2012)
RB
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