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sexta-feira, 3 de maio de 2013

A obsolescência programada

As dificuldades do momento estão a dar eco a uma noção conhecida de muitas pessoas mas calada, trata-se da noção de obsolescência programada.

O que é?
É a programação da obsolescência de um produto por parte do fabricante ou seja, é determinar à partida quando é que um produto deve deixar de funcionar. Estamos a viver numa sociedade em que o consumo é a base essencial da atividade económica. Sem consumo a venda não existe e, se a venda não existe, a fabricação não pode avançar; nem se justifica a produção de matérias-primas, e ainda menos se justifica a fabricação de produtos acabados. Assim, a atividade económica deixa de ter razão de existir. A conclusão é simples: sem atividade económica não há emprego! Mas para quem se vê obrigado a comprar uma nova máquina de lavar a roupa, um novo frigorifico, um novo televisor que vale algumas centenas de euros, quando pensava que o aparelho que possuía deveria durar mais tempo do que durou, a obsolescência programada, noção que muitas vezes se ignora, é um verdadeiro duche de água fria!

Quais são os produtos abrangidos?
Todos os produtos são hoje objeto de estudo sobre a respetiva obsolescência. O melhor exemplo tem a ver com qualquer produto informático ou de comunicação, tal como o televisor, o telemóvel, o computador, o Tablet, mas também podem ser citados os eletrodomésticos, os automóveis…etc. Cada consumidor pode perguntar a si próprio quantas vezes já mudou de telemóvel, não porque queria fazê-lo mas sim porque o telemóvel tinha chegado ao fim da linha (da sua linha)! Pode também ser utilizado como exemplo o universo das roupas, porque a indústria têxtil estuda cada peça que forma uma roupa para prever o tempo de vida provável das roupas colocadas no mercado. Assim, é estudada a resistência dos tecidos e dos componentes da roupa (o fecho, os botões) às lavagens, aos raios do sol, ao facto de engomar, em termos de deformação, de perda de luminosidade das cores, de fragilização…etc. Hoje, nada é feito ao acaso, nada!

É bem ou é mal?
Cada um tem a sua verdade, porem não há dúvida de que nossa sociedade é caracterizada pelo consumo; portanto o consumo tem de ser preservado. Neste sentido é bom que os produtos tenham uma duração de vida estabelecida.
O que pode ser condenável é a ausência de informações que permitam ao consumidor de tomar a sua decisão de compra sabendo realmente o que está a comprar e por quanto tempo. No entanto seria útil, para que os consumidores comprassem de maneira informada, que fosse legalmente obrigatório a afixação da duração de vida programada dos produtos. Isso teria como consequência a criação de novos produtos diferenciados dos outros pela sua duração de vida, ou seja a escolha caberia totalmente ao consumidor final.

Para refletir
Atualmente existem organizações que lutam para que os consumidores sejam informados quando um produto contém OGM (organismos geneticamente modificados), mas não se destaca nenhuma organização que luta para que os consumidores tenham acesso à informação de duração de vida real dos aparelhos que compram. Os políticos, independentemente da respetiva tendência, parecem alheios a esta questão, que no entanto mexe de perto com a vida diária dos seus concidadãos.
Porque não abrir uma frente sobre este tema, para fazer evoluir as mentalidades e os processos de comercialização?
Porque não legislar sobre este tema e, tornar fora da lei a ausência de comunicação da duração de vida programada de qualquer produto, que afinal é uma informação essencial para o consumidor!
Em termos marketing porque não criar uma segmentação clara baseada na duração de vida do produto?
RB

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