Dois artigos interessantes foram publicados
desde o início de Maio e chamaram a minha atenção.
Há mais reformados do que trabalhadores em
quase um quarto dos concelhos portugueses. Um artigo de Vera Novais e que pode
ser lido no Observador a partir do link seguinte: https://observador.pt/2019/05/21/em-23-dos-concelhos-portugueses-ha-mais-reformados-do-que-contribuintes/
Este artigo
aborda o envelhecimento da população portuguesa e a ideia segundo a qual a
partir de 2025, a idade da reforma deverá passar para os 69 anos, para
assegurar as contas da segurança social. O artigo ainda sublinha que em 23% dos
concelhos há mais reformados do que trabalhadores.
Para os
profissionais da distribuição, retalhistas e grossistas, esta informação é
muitíssimo importante porque o sector da distribuição é totalmente tributário
da riqueza dos territórios. Quando num território há mais reformados do que
trabalhadores, podemos razoavelmente pensar que as despesas dos lares em
supermercados seguem a importância do valor das pensões. As pensões de reforma
sendo menores do que os ordenados dos trabalhadores, os reformados têm menos a
gastar e controlam a redobrar as despesas que fazem. Como também - já abordei
este ponto em outros posts - nas zonas onde há muitos reformados se desenvolvem
instituições de apoio aos idosos que tratam de levar a comida feita diariamente
ao domicílio desses idosos.
Esta
situação é uma situação que representa uma ameaça forte para qualquer empresa
grossista que atue nessas zonas de grande envelhecimento da população e, para
qualquer retalhista para o qual a faturação depende da dinâmica do consumo. Um
consumo a decrescer fortemente pode provocar a desertificação comercial de uma
zona.
My Auchan - Vencedor "A Melhor Loja de
Portugal" - categoria Supermercado de Proximidade, publicado pela revista
Grande consumo e cuja vídeo pode ser visto no link seguinte: https://www.youtube.com/watch?v=9-891cu-_X0
Na ausência de comunicação
dos critérios que foram utilizados para premiar tal ou tal insígnia, é difícil
dizer se um vencedor mereceu ser vencedor. O que me interessa é a dinâmica dos
mercados urbanos. De facto, podemos observar que as insígnias My Auchan e
Continente Bom dia estão a disputar a liderança da insígnia Pingo Doce nas
zonas urbanas. As lojas Pingo Doce, que ainda há meia-dúzia de anos reinavam
nas zonas urbanas, veem o seu poder contestados por todos; Lidl, Auchan,
Continente e amanhã Intermarché e se calhar Mercadona.
Os mercados urbanos vão tornar-se
altamente competitivos e portanto agressivos. Cada grupo é dotado de uma força
de fogo marketing brutal e vai utilizá-la. Pessoalmente, duvido que as lojas My
Auchan sejam lucrativas para já. Já visitei algumas lojas e apontei um conjunto
de pontos que julgo críticos, uma frequentação e compras médias que
provavelmente não permitirão que as lojas consigam para já ser rentáveis ou estar
na trajetória de ser rentáveis. Investimentos comerciais devem ser previstos
para tentar fazer “descolar” o negócio.
Que será do retalho
independente tradicional de pequena dimensão? As lojas que não se modernizarem
e não souberem virar-se para a especialização estarão em risco agudo de
desaparecer.
Nas primeiras palestras que dei em 1994, eu dizia que os
hipermercados não representavam concorrentes para os comerciantes situados no
centro de Lisboa. Dizia também aos retalhistas que deviam modernizar as suas
lojas porque um dia todos estes grupos iriam entrar nas cidades. Aconteceu;
todos os grandes grupos de distribuição entraram nas zonas urbanas,
infelizmente os retalhistas tradicionais independentes tardaram a evoluir!
Boa
reflexão e bom trabalho,
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB
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