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sexta-feira, 17 de maio de 2013

A organização do sortido

De maneira a ajudar os retalhistas independentes e os retalhistas associados, comunico as categorias de produtos que utilizo no decorrer do meu trabalho.

Nota 1: Estas categorias representam uma base de trabalho, que precisa de ser adaptada a cada caso; 
Nota 2: Cada categoria dá origem a uma segmentação em consonância com a área da loja, a distribuição do linear, o posicionamento da loja e as características desejadas em termos de largura e de profundidade; 
Nota 3: Seria bom que cada retalhista organizasse a base de dados produtos em função desta lista, de maneira a poder analisar as performances das categorias e /ou das respetivas componentes que compõem o sortido da sua loja; 
Nota 4: Estas categorias devem ser utilizadas sistematicamente no decorrer das restruturações da loja;

Lista das categorias – alimentar (não fresco) e não alimentar 

Artigos para Engomar
Rolos de cozinha
Artigos para secar
Películas de conservação
Vassouras
Guardanapos
Esfregonas
Lenços
Luvas
Papel higiénico
Sacos plásticos
Incontinência
Plásticos ménage
Higiene feminina
Calçado

Metais
Maquilhagem
Móveis
Artigos de pentear
Tratamento do chão
Creme de corpo e rosto
Detergentes WC
Depilatório
Ambientadores
Desodorizantes
Inseticidas
Higiene oral
Detergente roupa manual
Barba
Detergente roupa máquina
Coloração
Amaciadores
Styling - fixação
Lixívia delicada
Champôs
Lixívia tradicional
Gel de banho
Lava-tudo
Sabonetes
Esponjas/esfregões
Esponjas corpo
Detergente loiça
Para farmácia
Limpeza profunda

Limpeza vidros


Ovos

Leites


Dietéticos
Farinhas
Cereais
Massas
Açúcar
Arrozes
Bolachas
Azeite
Pastelaria industrial
Óleos
Tostas
Vinagre
Cafés
Sal
Achocolatados
Sopas
Chás
Caldos produtos desidratados
Confeitos
Salgados “Batatas fritas e aperitivos”
Chocolates
Refeições enlatadas
Doces/compotas
Conservas de carne
Sobremesas
Conservas de legumes
Utilidades de cozinha/formas de bolos
Polpa de tomate
Peliculas de conservação
Molhos/temperos
Artigos de festa
Picles
Descartáveis
Azeitonas

Conservas de peixe

Especiarias

Águas com gás
Vinhos correntes
Águas sem gás
Vinhos superiores
Sumos
Espumantes
Refrigerantes com gás
Vinhos aperitivos
Refrigerantes sem gás
Espirituosos
Refrigerantes “Iced tea”
Cervejas

Fraldas
Puericultura leve
Toalhitas
Alimentação infantil
Higiene bebé
Brinquedos

Meias e collants
Calçado homem e mulher
Têxtil homem e mulher
Calçado crianças
Têxtil criança
Têxtil da casa
Têxtil bebé
Acessórios de moda

CD Música
Material escolar
Livraria
Imagem e som
Informática
Desporto
Papelaria
Malas e viagem

Lâmpadas e pilhas
Quinquilharia
Extensões/tomadas
Jardinagem
Água destilada
Campismo
Auto
Combustíveis/carvão/lenha
Ferramentas
Fósforos/acendalhas
Pinturas e vernizes
Acessórios de grelhadores

Acessórios animais

Alimentação animal


Loiça
Panelas
Copos
Frigideiras
Talheres
Tabuleiros/panelas de barro
Chávenas
Tabuleiros de vidro
Utilidades de cozinha
Formas
Plásticos de ménage
Arte/decoração da mesa
Este post é dedicado em prioridade a todos os retalhistas e formandos que participam nas minhas formações técnicas e especialmente: Porfírio, Tatiana, Rafael, Luis, Pedro, Alexandra, Vitor, Conceição, Waldemar, Daniel, Fatima, Miguel, Benjamin, Mónica, Álvaro, Armando, Americo, Nuno que participam atualmente numa formação comigo cujo tema é a Gestão do Linear. 
RB

domingo, 12 de maio de 2013

A guerrilha - A luta do dia-a-dia

Há poucos dias recebi este mail de um retalhista situado na região Norte. “A atividade retalhista está a correr mal. A faturação está muito longe de ser satisfatória e a rentabilidade também. A única coisa que parece funcionar é se tivermos os preços sempre em linha com a concorrência Pd e MP. Basta estar um cêntimo acima que já não vendemos...os consumidores sabem os preços todos é inacreditável.”

Procurando apresentar uma resposta
Não há dúvidas que o retalho de tipo LPD - Loja de Pequena Dimensão - está a viver momentos de grande tensão. O aumento do desemprego associado às perspetivas económicas cinzentas está a ter um efeito devastador sobre a confiança dos consumidores que, assustados com o contexto atual, diminuem as suas despesas. A dinâmica e a força negocial dos grandes “players” da distribuição são outras razões que tornam ainda mais complicada a atividade de retalhista independente.
No entanto, este quadro é o mesmo para todos, ninguém fica de fora! O contexto é de grande exigência técnica em termos de gestão do Ponto de Venda. 
Vejamos algumas pistas de reflexão: 
A loja vista de fora: A rua onde está localizada a loja é uma rua de bastante passagem portanto, no centro da cidade ao pé de residências universitárias, de hotéis e de restaurantes típicos.
- A loja vista de fora é atraente? Durante o dia e no fim do dia?
- Qual é a capacidade da loja em comunicar com os consumidores que passam na rua?
- Existe no passeio um meio de comunicação que realça as promoções do dia?
- As promoções destacadas correspondem ao posicionamento da loja?
- A comunicação abrange os estudantes e os turistas?
- Os horários de abertura correspondem às expetativas dos consumidores?

A loja vista por dentro: Uma vez na loja, o cliente deve poder seguir o circuito predefinido e fazer as suas compras com facilidade e rapidez.
- Será que a implantação dos produtos permite uma boa visibilidade e legibilidade da oferta?
- A loja apresenta corredores desimpedidos para facilitar a deslocação dos clientes?
- O nível de higiene e de limpeza está de acordo com o posicionamento da loja?
- Qual é a qualidade do acolhimento e do atendimento dos clientes?
- A iluminação de todas as zonas da loja realça a qualidade da oferta e a excelência da loja? 

A oferta: O sortido deveria estar de acordo com o mercado-alvo da loja, em termos do saber-fazer da empresa, em termos de marcas e em termos de posicionamento de preço e de dinâmica comercial….,tudo isto sem menosprezar a força dos concorrentes ou seja tendo em conta uma reflexão em termos de diferenciação.
- Para as frutas e legumes, elementos primordiais da loja, quais são as escolhas táticas para responder às expetativas dos consumidores e diferenciar a loja dos concorrentes quer em termos de qualidade quer em termos de preço de venda?
- Quais são os elementos de valorização da oferta, destaques, stoppers, cartazes, etc..?
- A empresa tendo um bom know-how em congelados, qual é a sua politica de oferta nesta categoria em termos de produtos clássicos, mas também e sobretudo em termos de produtos pré elaborados e/ou elaborados (tais como as misturas para sopas, legumes, as pizas, os hambúrgueres, as lasanhas etc.) e de produtos de gulodice tais como os gelados?
- Para o pão, segmento de produto do dia-a-dia, qual é a composição da oferta? Qual é a frescura do pão? Será que o pão chama os clientes?
- A empresa está associada a uma central de compras que permite ter acesso a uma gama de produtos de marca de distribuição que cobre todas as categorias. Será que as MDD são utilizadas em todos os segmentos, bem destacadas, e valorizadas com cartazes e stoppers?

A notar que se a loja consegue captar clientes e torná-los compradores a partir de uma qualidade do sortido em termos de produtos frescos – Frutas e legumes, lacticínios, charcutaria/queijaria, pão, congelados – o resto do sortido vende-se por arrastamento.

A gestão dos preços: Haverá sempre clientes a reclamar porque os preços são mais elevados em certos produtos, mas nunca haverá ninguém a dizer que certos preços são mais baixos ou iguais aos preços da concorrência.
- Num mercado concorrencial é normal que existam PVP diferentes entre os retalhistas, isso não é um drama!
- É preciso realçar diariamente, com stoppers e cartazes, os produtos que beneficiam de um PVP atrativo, e que mostram aos consumidores que a loja se preocupa com o poder de compra dos seus clientes e faz tudo o que pode para lhe proporcionar as melhores condições comerciais.

Poderiam ser desenvolvidos outros pontos, mas penso que refletir sobre estes pontos deveria propiciar uma melhoria das performances desta loja.
RB

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Pingo Doce - Nem toda gente gosta de Poker

Nada é como outrora! Antigamente existiam coisas certas; bastava olhar para o céu, esmagar um rebento entre os dedos, cheirar o ar, saber o dia do solstício de inverno e de verão e o dia do equinócio de primavera e de outono para saber quando vinham as diferentes estações, bastava ler ou ouvir o noticiário para saber o que se passava nas redondezas, ler os folhetos dos comerciantes…. 
Hoje já não há estações, faz inverno na primavera, primavera no verão, verão no outono, outono no inverno, o aspeto do céu é enganador, os noticiários difundem notícias elaboradas em reunião por “mandões”, e os folhetos deram lugar ao rumor, tática de 1º de Maio para Pingo Doce: 

O 1º de Maio de 2012 foi uma data que marcou os consumidores porque o Pingo Doce fez uma promoção sem precedentes em Portugal e, este ano, os consumidores estavam à espera de uma operação promocional de envergadura, capaz de fazer esquecer os duros momentos que atravessa o país e as incertezas de amanhã. O rumor dizia que alguém tinha ouvido dizer de alguém que, possivelmente, Pingo Doce estava a preparar um golpe que condizia com a importância do grupo e, o rumor da rua estava apoiado, por rumores internos no grupo. Pois é, havia o empregado da segurança que sabia mas que não podia dizer nada, os empregados a dizer que qualquer coisa estava ao lume mas que era preciso não dizer nada para evitar que o dia começasse com uma grande confusão. A mensagem era simples, bastava aparecer no dia 1º de Maio para aproveitar a tão deseja promoção estrondosa.

O 1º de Maio de 2013 não ficará por sua vez nos anais da distribuição como um dia de repetição de uma grande operação. Em Lagos, no Algarve, vi o parking dos dois supermercados Pingo Doce cheios de carros logo quando as lojas abriram e, também vi a cara e os comentários dos clientes a comentar a fraqueza das promoções, baseadas principalmente em descontos de 25% em produtos de marca. Quando se sabe que hoje em dia as marcas de distribuição e de 1º preço representam +/-40 % das vendas, e fácil perceber que muitos clientes ficaram com a sensação de uma ausência de promoção. Ver também o post de “Sexta-feira, 31 de Agosto de 2012 - Um impacto visível da crise“. A desilusão pareceu grande, lia-se no rosto das pessoas o desapontamento, parecia que as pessoas andavam num estado segundo, tal o pugilista depois ter recebido um severo “uppercut”, golpe que o deixa desfeito. Foi assim que vi clientes finais que queriam fazer as compras do mês, mas também foi assim que vi retalhistas da restauração voltar para o seu carro de mãos a abanar não podendo aproveitar este ano de uma promoção forte nas bebidas. Para cada um, o golpe foi duro!

Nos dias 2 e 3 de Maio, voltei a uma loja Pingo Doce, no coração da manhã; a atividade era fraca e o parque de estacionamento estava bastante vazio. Aparentemente, os fregueses, que rapidamente aprendem, perceberam que tinham sido manipulados e que não valia a pena serem apanhados duas vezes…e ficaram em casa!

Agora vou estar atento às consequências desta manipulação do mercado. Vamos ver como é que os consumidores se vão comportar com o Pingo Doce, como é que vão reagir aos anúncios de próximas promoções. Se nos negócios a confiança é um elemento de grande importância, provavelmente o Pingo Doce terá que de se esforçar muito, ou seja a gastar energia, tempo e muito dinheiro, para voltar a ganhar a confiança dos consumidores. 
Nem toda gente gosta de jogar Poker!
RB

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A obsolescência programada

As dificuldades do momento estão a dar eco a uma noção conhecida de muitas pessoas mas calada, trata-se da noção de obsolescência programada.

O que é?
É a programação da obsolescência de um produto por parte do fabricante ou seja, é determinar à partida quando é que um produto deve deixar de funcionar. Estamos a viver numa sociedade em que o consumo é a base essencial da atividade económica. Sem consumo a venda não existe e, se a venda não existe, a fabricação não pode avançar; nem se justifica a produção de matérias-primas, e ainda menos se justifica a fabricação de produtos acabados. Assim, a atividade económica deixa de ter razão de existir. A conclusão é simples: sem atividade económica não há emprego! Mas para quem se vê obrigado a comprar uma nova máquina de lavar a roupa, um novo frigorifico, um novo televisor que vale algumas centenas de euros, quando pensava que o aparelho que possuía deveria durar mais tempo do que durou, a obsolescência programada, noção que muitas vezes se ignora, é um verdadeiro duche de água fria!

Quais são os produtos abrangidos?
Todos os produtos são hoje objeto de estudo sobre a respetiva obsolescência. O melhor exemplo tem a ver com qualquer produto informático ou de comunicação, tal como o televisor, o telemóvel, o computador, o Tablet, mas também podem ser citados os eletrodomésticos, os automóveis…etc. Cada consumidor pode perguntar a si próprio quantas vezes já mudou de telemóvel, não porque queria fazê-lo mas sim porque o telemóvel tinha chegado ao fim da linha (da sua linha)! Pode também ser utilizado como exemplo o universo das roupas, porque a indústria têxtil estuda cada peça que forma uma roupa para prever o tempo de vida provável das roupas colocadas no mercado. Assim, é estudada a resistência dos tecidos e dos componentes da roupa (o fecho, os botões) às lavagens, aos raios do sol, ao facto de engomar, em termos de deformação, de perda de luminosidade das cores, de fragilização…etc. Hoje, nada é feito ao acaso, nada!

É bem ou é mal?
Cada um tem a sua verdade, porem não há dúvida de que nossa sociedade é caracterizada pelo consumo; portanto o consumo tem de ser preservado. Neste sentido é bom que os produtos tenham uma duração de vida estabelecida.
O que pode ser condenável é a ausência de informações que permitam ao consumidor de tomar a sua decisão de compra sabendo realmente o que está a comprar e por quanto tempo. No entanto seria útil, para que os consumidores comprassem de maneira informada, que fosse legalmente obrigatório a afixação da duração de vida programada dos produtos. Isso teria como consequência a criação de novos produtos diferenciados dos outros pela sua duração de vida, ou seja a escolha caberia totalmente ao consumidor final.

Para refletir
Atualmente existem organizações que lutam para que os consumidores sejam informados quando um produto contém OGM (organismos geneticamente modificados), mas não se destaca nenhuma organização que luta para que os consumidores tenham acesso à informação de duração de vida real dos aparelhos que compram. Os políticos, independentemente da respetiva tendência, parecem alheios a esta questão, que no entanto mexe de perto com a vida diária dos seus concidadãos.
Porque não abrir uma frente sobre este tema, para fazer evoluir as mentalidades e os processos de comercialização?
Porque não legislar sobre este tema e, tornar fora da lei a ausência de comunicação da duração de vida programada de qualquer produto, que afinal é uma informação essencial para o consumidor!
Em termos marketing porque não criar uma segmentação clara baseada na duração de vida do produto?
RB