Na área do
cimento, Secil é um exemplo de empresa que se desenvolveu de forma sólida nas
últimas décadas, englobando um conjunto de negócios de dimensão local, através
de compra pura e simples ou de incorporação com o aumento do universo
acionista.
Hoje,
Secil é uma empresa de sucesso, reconhecida na sua área de atividade, na
vanguarda na procura de inovações em todos os domínios da sua atividade; é uma
empresa de “case study”.
O percurso
da Secil poderia ser analisado e tido em conta pelas empresas de distribuição
grossistas do setor alimentar, que estão a enfrentar, por um lado, fortes evoluções
do seu mercado tradicional e, por outro lado, turbulências económicas e
financeiras que tornam as dificuldades ainda mais pesadas.
Em termos
de ponto de situação, este verão está a marcar um ponto importante. De facto, o
mercado digeriu no decorrer do último ano o desaparecimento de alguns “players”
outrora de relevo como o de Unicofa no Algarve e de Manuel Nunes &
Fernandes em termos nacionais e, aprendeu a viver com projetos do retalho
associado animados, sem grande sucesso, por tenores da distribuição como “Meu
super” da Sonae e “Amanhecer” de Jerónimo Martins. Outros pontos a destacar são
a dinâmica, baseada numa competição que incide nos preços no que respeita aos
grandes grupos da distribuição retalhista, e o perímetro do retalho
independente de pequena dimensão que avizinha os 12 000 Pontos de Venda.
Com certeza serão necessárias mudanças e, uma delas é a
constituição de empresas grossistas independentes de grande dimensão capazes de
gerir grandes territórios geográficos de forma total. Evidentemente, as soluções são sempre plurais e no
caso abordado podemos
pensar por exemplo que uma empresa existente poderia crescer sozinha, abrindo novos cashes mas, isso pressupõe investimentos
avultados e a tomada de riscos elevados inerentes a uma política de conquista.
Exemplos passados mostraram os limites desta solução. Uma outra solução poderia ser uma
declinação do caso Secil, com a constituição de uma empresa de bom tamanho a
partir de fusões amigáveis. Neste caso, os investimentos seriam baixos,
controlados e, o espírito não seria o da conquista, mas sim o da união que faz
a força! A nova entidade teria muito a ganhar em
termos de aumento da produtividade, de potencial de escoamento, de potencial de
negociação e em termos financeiros com, por exemplo, uma gestão muitíssimo mais
rentável da rotação do stock, sem falar da sua imagem no mercado que não seria
a imagem de um “Killer” mas sim a de uma empresa parceira ao serviço do
crescimento dos seus clientes retalhistas independentes.
Uma coisa é certa, devem acontecer mudanças, rapidamente, para
evitar o enfraquecimento generalizado de numerosos grossistas independentes que
partilham nos mesmos territórios um número de pontos de vendas cada vez menor o
que, “in fine”, não lhes permitirá enfrentar empresas “pesadas”, bem
estruturadas e dotadas de meios importantes!
O caminho
é conhecido, as ferramentas existem e, se existir a vontade política de partida
tudo é possível e pouco complicado a implementar.
RB