O retalho independente de pequena dimensão
está a viver um momento de mudanças sem igual na sua história em Portugal. O retalho
alimentar independente está num ponto de viragem, em que devem ser repensados
ponto por ponto todos os elementos que tornam a gestão de um ponto de venda
rentável e perene.
- A característica da proximidade é
partilhada com todos os outros “players” da distribuição;
- A característica da tradição é um valor
que não dá mais-valia porque os grupos de maior relevo fazem parte, para a
maior parte da população portuguesa, da tradição;
- Os grupos de distribuição, que
experimentaram uma versão em “franchising” do comércio alimentar de pequena
dimensão, vão - se quiserem manter-se neste segmento de mercado - evoluir para
uma versão sucursalista do comércio, porque não precisam de comerciantes mas
sim de capatazes que apliquem ordens difundidas de maneira taylorista;
- O retalho independente tem um défice de
imagem, corolário direto de uma visão conservadora e individualista, porque não
consegue atuar de forma corporativista;
- O retalho tem um défice em termos de
gestão, provavelmente uma consequência de anos de atividade fácil onde a gestão
comercial se limitava apenas a saber aplicar um coeficiente multiplicador às
mercadorias compradas;
- O retalho independente tem um défice em
termos de marketing, o marketing do ponto de venda e as políticas de
comunicação limitando-se à porta aberta, um sorriso e um bom dia, como sempre
foi… (o “sempre foi” está a matar cada vez mais rapidamente);
-O retalho independente tem um défice de
organização do ponto de venda e, vêm-se layouts, circuitos, implantações, longe
do que deveriam ser para responder aos novos padrões de exigência dos
consumidores, “educados” pelos grupos de distribuição organizados;
O retalho independente tem um défice em
termos de definição do posicionamento que cada loja deveria ter em função do
seu próprio contexto territorial;
- O retalho independente tem um défice na
reflexão sobre soluções para voltar a dar a este segmento as suas letras de
nobreza.
O que poderia ser feito?
O que vou escrever a seguir assenta numa reflexão
piramidal, liderada por uma organização grossista ou retalhista interessada no
fortalecimento duradouro e rentável de um bom nível de escoamento, onde as
técnicas são primordiais e onde - em consequência - a consultoria e a formação se
tornam pilares essenciais do edifício.
Em termos de consultoria e de
formação podem ser desenvolvidas as ideias seguintes:
- Apoiar o retalhista na avaliação do ponto
de venda existente ou da loja vazia, a alugar a vender ou a trespassar;
- Apoiar tecnicamente os retalhistas independentes
na escolha do posicionamento da sua loja;
- Apoiar tecnicamente os retalhistas independentes
na elaboração do melhor layout para o espaço de venda;
- Negociar contratos de fornecimento de
equipamentos para as lojas, estanteria, mobiliário “frio”, sistema informático …etc,
para enquadrar o montante dos investimentos a efetuar;
- Apoiar tecnicamente os retalhistas
independentes em termos de atualização, em termos de novidades e de inovações técnicas
e tecnológicas;
- Informar regularmente os retalhistas,
difundindo informação de mercado. Isso pode necessitar do envolvimento de
empresas de estudos de mercado como a Nielsen. De facto, com mais e melhores
informações, os retalhistas poderiam tomar decisões e atuar mais rapidamente,
sendo mais proactivos do que reativos;
- Informar os retalhistas sobre as novas
tendências do mercado, seja qual for a sua origem;
- Formar os retalhistas e os seus
colaboradores sobre todos os aspetos de gestão da loja, em formação contínua,
valorizada, certificada e com um nível de reconhecimento académico e, se calhar
também universitário, sobre a forma, por exemplo, de uma pós-graduação
especializada;
- A lista não é limitativa mas, começando por
estes pontos com certeza se conseguirá dar um grande salto.
Desejava que este “Post” desse um forte contributo
para a modernização do tecido do retalho alimentar independente.
RB
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