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domingo, 23 de junho de 2019

O mercado não é o que queremos, é o que é!


Não há dúvidas possíveis, os movimentos das grandes insígnias para conquistar os centros urbanos estão em curso. Num país caraterizado por uma forte concentração populacional nas regiões do litoral e em algumas grandes cidades regionais do interior, não há outras alternativas de crescimento. Sabendo que as zonas urbanas exigem investimentos elevados, é de prever grandes dissabores para algumas insígnias. 

A exceção Pingo Doce 
Em razão do seu próprio ADN e história, a insígnia Pingo Doce tem uma nítida vantagem em termos de gestão de consumidores urbanos. Isso não quer dizer que não sofrerá com as guerras entre as insígnias de distribuição pelo controlo das cidades. Aliás, Lidl conseguiu, com um modelo diferente, seduzir uma clientela urbana. Mas, é verdade que a insígnia Pingo Doce é uma referência para uma larga parte da clientela urbana, uma referência construída durante décadas e portanto difícil destabilizar. 

A aprendizagem leva o seu tempo 
Para as insígnias que agem sobretudo com os formatos hipermercado e supermercados grandes e médios, entrar nas cidades não é simples e, elas vão ter de passar por uma fase de aprendizagem que será penosa, em termos de energia, de tempo e de dinheiro gastos. Eu não acredito numa aprendizagem nem curta nem fácil. Por exemplo, vi a nova publicidade de Jumbo, que faz em filigrana referência à génese de Pão de Açúcar/Jumbo em Portugal, e percebi nas entrelinhas a vontade de credibilizar a prazo a insígnia My Auchan. Pessoalmente, não achei a publicidade nada dinâmica nem envolvente. No público em geral, quem se lembra do primeiro supermercado em Lisboa? 

Objetivamente, o mercado não é o que queremos, é o que é 
Uma loja deve ser aberta para agradar um diretor operacional, um diretor comercial, um CEO ou os consumidores que vivem num determinado território? A resposta parece ser óbvia, uma loja deveria ser feita para satisfazer os consumidores de um determinado território! No entanto, o óbvio parece ser o filho mal-amado! 
Li e ouvi uma entrevista na rede social LinkedIn de um diretor operacional explicar a sua grande alegria de ter conseguido uma loja onde põem os pés candidatos a startuppers ou startuppers! Pode parecer um feito mas, quer estejamos a falar de Lisboa e da sua Região metropolitana ou de outro ponto do país, é um elemento menor porque este público, constituído por jovens, representa “Peanuts”, na medida em que o mercado é envelhecido e que portanto a sua maioria não se pode rever nos startuppers! O leitor pode ler a linha “idosos por 100 habitantes” e para mais informações ver o link seguinte https://www.pordata.pt/Municipios/Quadro+Resumo/Lisboa+(Munic%c3%adpio)-233005 

Esta semana, dei uma formação para donos de lojas onde expliquei este ponto: um erro assim é um erro de quem é assalariado de uma estrutura que lhe paga o ordenado no fim do mês, mas que não corre riscos pessoais. O mercado não é o que queremos, é o que é! 

Os gestores da Data precisam de absorver a “sensibilidade comerciante”
A batalha do controlo da distribuição alimentar nas cidades parece ter sido entregue a espíritos brilhantes, brilhantes na gestão da Data, brilhantes na capacidade de analisar dados mas, com fraca capacidade de se colocar no lugar do consumidor. O adágio popular diz nem 8 nem 80. Se ser comerciante e apenas comerciante é hoje em dia insatisfatório para gerir uma loja, ser analista e apenas analista também é! 

Eu vejo supermercados de cidade mal articulados em termos de circuito de deslocação dos clientes, mal articulados em termos de distribuição de categorias e mal articulados em termos de relação diária com os clientes, que sublinho aqui são mais envelhecidos do que jovens. Uma aprendizagem será necessária para evitar o efeito “Conad”! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 16 de junho de 2019

A nobreza do serviço – o indivíduo acima de tudo!


Ao longo dos últimos dois anos, escrevi várias vezes sobre a importância da gestão da Data, a gestão dos dados. A gestão da Data é tão importante que qualquer grande grupo aborda a temática com o medo de desaparecer do mapa por não avançar, no bom momento, nesta direção. Na distribuição, as grandes insígnias já estão mergulhando nesta realidade. Aliás, basta observar a insígnia Continente para ver in vivo como é que a gestão da Data é utilizada para atrair os consumidores às lojas e convertê-los em compradores rentáveis. Para os retalhistas de pequena dimensão, a gestão da Data parece uma coisa de outro mundo, mas o antídoto existe: é o serviço! 
O serviço ao cliente contém de facto a gestão empírica da Data. 

O serviço ao cliente começa com a própria articulação da placa de venda 
O comerciante que sente o seu mercado articula obviamente a sua loja, de maneira a responder às expetativas detetadas dos consumidores da zona onde a mesma está localizada. 
Portanto o comerciante vai gerir os dados do mercado que vai recolher para propor um produto – a sua loja – que corresponde às pessoas que serão seus potenciais clientes. 
A articulação do circuito da loja e o encadeamento das categorias de produtos propostas correspondem bem a uma pormenorização da aproximação da loja aos consumidores. 

O serviço oferecido aos consumidores da zona de atração engloba necessariamente o sortido proposto 
Os consumidores de uma loja alimentar vão a uma loja para comprar os produtos de que gostam, que desejam. Há um motivo à deslocação dos consumidores. 
O serviço que presta a loja aos consumidores em termos de sortido pode ser: 
- Uma boa oferta de comida pronta a comer, para quem não quer cozinhar ou para quem estiver com pressa e não tiver o tempo de cozinhar; 
- Uma oferta alargada de produtos dietéticos e/ou bios para quem quer cuidar da sua saúde, do seu bem-estar; 
- Uma oferta alargada de produtos frescos, apresentados em livre-serviço para evitar perder tempo nas filas de espera; 
- Uma oferta de especialista como por exemplo uma boa adega, uma queijaria com um leque alargado de produtos, uma secção dos congelados com uma gama de produtos profunda; 
- Cada comerciante pode refletir sobre o sortido que melhor responderá aos consumidores da sua zona de atração. 
Qualquer decisão terá consequências na articulação da loja, na escolha dos equipamentos, na escolha do nível de assistência prestada aos clientes. Portanto a gestão da Data - dos dados do mercado - permite uma gestão da loja em fase com as características dos consumidores e engloba a noção de serviço, pois a ideia é facilitar a vida das pessoas. 

Os equipamentos escolhidos são elementos do serviço oferecido aos consumidores 
Por exemplo, os equipamentos de exposição e de conservação dos produtos devem ser escolhidos de maneira a permitir o fácil acesso dos clientes aos produtos e a fácil leitura da oferta; 
É a análise da Data - dos dados do mercado - que condiciona as escolhas do comerciante. Numa zona caracterizada pela presença de muitos solteirões ou de pessoas de idade, se calhar a escolha de carrinhos de compra pequenos ou de trolleys ou de cestos é preferível aos carrinhos de compra profundos, sobredimensionados ou difíceis de manobrar. 
A escolha das caixas de pagamento e os modos de pagamento devem seguir o mesmo raciocínio ou seja é a gestão da Data – dos dados do mercado – que deve levar o comerciante a escolher, para ajudar os seus clientes a fazer as suas compras nas melhores condições. 

A gestão da Data – dos dados do mercado – não é nova, é apenas uma atualização de gestos, atenções ou ações que realçam a relação entre as pessoas e que vem de longe! 
Não é de hoje que os comerciantes que querem fortalecer as suas relações com os seus clientes chamam os clientes pelo nome; elaboram um documento, outrora escrito à mão, com o nome dos clientes, a sua data de nascimento, o seu nº de telemóvel, o seu E-mail; sabem qual é a profissão dos seus clientes …etc. 
A gestão da Data - dos dados do mercado - começa quando o comerciante coloca o cliente em primeiro, e tem ancorado no fundo de si a Nobreza do serviço! 
Numa visão cabalística, podem entrever a noção de dar e receber. 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 9 de junho de 2019

Comerciante, gestor e investidor


A multiplicação das iniciativas no setor do retalho alimentar para atrair candidatos à abertura de novos pontos de venda, quer recém-chegados à profissão quer retalhistas já existentes, no seio de uma organização, quer grossista quer retalhista, é um facto. É a consequência dos movimentos no terreno que têm todos como objetivo ganhar a guerra da proximidade. Mas, o que é um retalhista? 

Um retalhista do setor alimentar é antes de tudo o mais um comerciante 
Um comerciante é uma pessoa que tem o sentido do mercado dos consumidores e que sabe encontrar e negociar os produtos que lhes darão satisfação, e que incansavelmente procura apresentar esses produtos de maneira a valorizá-los, com o objetivo de obter lucros de bom nível para remunerar o seu trabalho e os riscos tomados. 
O retalhista do setor alimentar 
- Percebe as tendências do momento, as expetativas das pessoas de uma determinada comunidade; 
- Sabe determinar os produtos e os serviços que podem responder a essas expetativas; 
- Sabe definir quais devem ser as características principais da melhor localização do ponto de venda, que será de facto o ponto de contato entre os consumidores e os produtos; 
- Sabe encontrar os fornecedores e negociar as melhores condições de acesso aos produtos que vai vender; 
- Sabe que para vender os seus produtos ele deve imaginar uma apresentação sedutora destes. 

Obviamente, um retalhista do setor alimentar deve ser também um gestor 
O gestor trata de definir as condições imperativas para fazer funcionar a ideia imaginada pelo comerciante e, de gerir os meios necessários para o sucesso do negócio. 
Assim o retalhista alimentar deve utilizar o seu lado de gestor para: 
- Avaliar a pertinência de uma determinada localização de uma loja; 
- Definir o cardex mais adaptado ao mercado dos consumidores dessa localização; 
- Articular o melhor layout possível para maximizar as vendas; 
- Selecionar os equipamentos necessários para a atividade; 
- Distribuir as categorias de produtos de maneira a dinamizar o conjunto da placa de venda; 
- Implantar os produtos de maneira a otimizar os lucros; 
- Avaliar os recursos humanos que exige o negócio e a amplitude horária da abertura da loja; 
- Procurar diariamente soluções para fazer crescer o seu negócio e o seu nível de rentabilidade. 
Porque o comerciante deve possuir uma faceta de gestor, ele deve possuir também uma faceta de investidor 
De facto, as evoluções do mercado, quer em termos de novas tendências de consumo, quer em termos de inovações tecnológicas e de processo de trabalho, obrigam o comerciante a tomar decisões de investimento. É normal e faz parte da rotina do comerciante. O anormal seria que o comerciante tivesse uma aversão ao investimento pois isso quereria dizer que chegou ao seu patamar máximo de desenvolvimento! 

Numa altura em que várias insígnias do setor do retalho alimentar estão a recrutar franquiados para a sua expansão é importante relembrar e sublinhar que o sucesso de uma loja do retalho alimentar é devido em primeiro lugar à capacidade do seu dono de ser comerciante. Em geral, quando a principal característica do franquiado é a mentalidade de investidor, os resultados não são nada espetaculares ou pior o resultado é o fracasso. 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 2 de junho de 2019

O “sempre foi assim” está a matar!


Estamos a viver uma época extraordinária, uma época onde andam, ainda lado a lado, dois mundos; um em vias de extinção e um outro que está a dar rápidos passos na direção de um futuro em plena efervescência, no qual as evoluções acontecem a cada minuto. 

Para confirmar isso, basta ler os artigos publicados nas redes sociais para constatar a velocidade dos acontecimentos 
Para falar de empresas de sucesso, hoje fala-se de Unicórnios, empresas valorizadas em mil milhões de dólares capazes de levantar 100 milhões de dólares, ou de Minotauros, empresas valorizadas em mais de mil milhões de dólares e capazes de levantar mil milhões de dólares numa rodada de mesa. Em 2019, parece que há 10 startups portuguesas que se podem tornar Unicórnios. 
A sociedade está cada vez mais “uberizada”; se se falar de um serviço de táxi também se fala de transporte privado urbano, se se falar de hotelaria fala-se também de alojamento local, se se falar de restauração fala-se também de “eat at a local”. 
Os sucessos das startups são frutos da vontade dos seus criadores de abraçar as oportunidades que aparecem, para desenvolver ideias extraordinárias baseadas nas inovações nas áreas das tecnologias, das ciências, etc., que tem como ponto comum a gestão das Datas
Um outro ponto carateriza estas novas empresas: a obrigação de continuar a inovar sem tréguas, para evitar passar à história. 
Na área da distribuição, podemos também observar esse frenesim de inovação para chegar à frente ou para evitar perder a liderança do mercado. O status quo é impossível! Em consequência disso aparecem novos formatos de loja, novos equipamentos para apresentar novas categorias de produtos, inovações em termos de logística, novas apps, novas formas de comunicar com os diferentes segmentos de mercado. Não há tempo para respirar! 

Em paralelo, o “sempre foi assim” obstina-se a querer uma coisa impossível; que o tempo pare, ou ainda melhor que volte a uma época onde a vida parecia mais fácil. 
O “sempre foi assim” fica parado, a olhar para ontem, culpa a ingratidão do mercado, fustiga as ideias novas que só podem ser ideias do diabo, procura tranquilizar-se fazendo parte de um club de empresários que partilham os mesmos receios, as mesmas inibições! Afinal o “ sempre foi assim” fica parado, miseravelmente desconectado da realidade e acabará por desaparecer. Porque de fato o “ sempre foi assim” desaparece, demorando mais ou menos tempo, mas desaparece! 
Na área da distribuição, milhares de pequenas lojas do retalho alimentar independente e associado presas do “ sempre foi assim” vão desaparecer nos próximos 10 anos, levando com elas um conjunto de grossistas também adeptos do mesmo club. Como duvidar que será diferente? Como eu o escrevi no post "O metrônomo” de 24 deSetembro de 2017, Caronte vai ter muito trabalho! 
Mas, como a Vida tem horror do vazio, novos comércios aparecem, detidos por jovens talentos que querem e quererão ousar novas ideias, quer em termos de formatos de loja, de inserção de novas tecnologias, de promoção de novos produtos ou de formas de consumir. Já estão a ser articulados os sucessos de amanhã, quer no mercado dos retalhistas, quer no mercado dos grossistas. A semana passada um cliente meu disse-me que ficava espantado com a inércia dos grossistas tradicionais e com a dinâmica das novas estruturas que aparecem! Pois…uns vão morrer, outros estão a construir os tempos futuros! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 26 de maio de 2019

Só não vê quem não quer ver!


Dois artigos interessantes foram publicados desde o início de Maio e chamaram a minha atenção. 

Há mais reformados do que trabalhadores em quase um quarto dos concelhos portugueses. Um artigo de Vera Novais e que pode ser lido no Observador a partir do link seguinte: https://observador.pt/2019/05/21/em-23-dos-concelhos-portugueses-ha-mais-reformados-do-que-contribuintes/
Este artigo aborda o envelhecimento da população portuguesa e a ideia segundo a qual a partir de 2025, a idade da reforma deverá passar para os 69 anos, para assegurar as contas da segurança social. O artigo ainda sublinha que em 23% dos concelhos há mais reformados do que trabalhadores. 
Para os profissionais da distribuição, retalhistas e grossistas, esta informação é muitíssimo importante porque o sector da distribuição é totalmente tributário da riqueza dos territórios. Quando num território há mais reformados do que trabalhadores, podemos razoavelmente pensar que as despesas dos lares em supermercados seguem a importância do valor das pensões. As pensões de reforma sendo menores do que os ordenados dos trabalhadores, os reformados têm menos a gastar e controlam a redobrar as despesas que fazem. Como também - já abordei este ponto em outros posts - nas zonas onde há muitos reformados se desenvolvem instituições de apoio aos idosos que tratam de levar a comida feita diariamente ao domicílio desses idosos. 
Esta situação é uma situação que representa uma ameaça forte para qualquer empresa grossista que atue nessas zonas de grande envelhecimento da população e, para qualquer retalhista para o qual a faturação depende da dinâmica do consumo. Um consumo a decrescer fortemente pode provocar a desertificação comercial de uma zona. 

My Auchan - Vencedor "A Melhor Loja de Portugal" - categoria Supermercado de Proximidade, publicado pela revista Grande consumo e cuja vídeo pode ser visto no link seguinte: https://www.youtube.com/watch?v=9-891cu-_X0 
Na ausência de comunicação dos critérios que foram utilizados para premiar tal ou tal insígnia, é difícil dizer se um vencedor mereceu ser vencedor. O que me interessa é a dinâmica dos mercados urbanos. De facto, podemos observar que as insígnias My Auchan e Continente Bom dia estão a disputar a liderança da insígnia Pingo Doce nas zonas urbanas. As lojas Pingo Doce, que ainda há meia-dúzia de anos reinavam nas zonas urbanas, veem o seu poder contestados por todos; Lidl, Auchan, Continente e amanhã Intermarché e se calhar Mercadona. 
Os mercados urbanos vão tornar-se altamente competitivos e portanto agressivos. Cada grupo é dotado de uma força de fogo marketing brutal e vai utilizá-la. Pessoalmente, duvido que as lojas My Auchan sejam lucrativas para já. Já visitei algumas lojas e apontei um conjunto de pontos que julgo críticos, uma frequentação e compras médias que provavelmente não permitirão que as lojas consigam para já ser rentáveis ou estar na trajetória de ser rentáveis. Investimentos comerciais devem ser previstos para tentar fazer “descolar” o negócio. 

Que será do retalho independente tradicional de pequena dimensão? As lojas que não se modernizarem e não souberem virar-se para a especialização estarão em risco agudo de desaparecer. 
Nas primeiras palestras que dei em 1994, eu dizia que os hipermercados não representavam concorrentes para os comerciantes situados no centro de Lisboa. Dizia também aos retalhistas que deviam modernizar as suas lojas porque um dia todos estes grupos iriam entrar nas cidades. Aconteceu; todos os grandes grupos de distribuição entraram nas zonas urbanas, infelizmente os retalhistas tradicionais independentes tardaram a evoluir! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 19 de maio de 2019

O verdadeiro tamanho do seu supermercado


Em Portugal, a densidade do aparelho comercial é tal que os comerciantes ou os gestores devem ter uma abordagem abrangente das lojas que gerem. É preciso lembrar que uma loja é um produto proposto a um mercado de consumidores num espaço geográfico determinado. 

Uma loja é um produto proposto a consumidores 
Se uma loja é a obra da determinação de uma pessoa, ela tem como vocação a satisfação dos outros, estes outros sendo, numa visão angélica, todos os consumidores que vivem ou passam a maior parte do dia à sua volta. No absoluto, a ideia é a plena satisfação dos consumidores e a captação de 100% do mercado. 
O problema é que no mesmo espaço geográfico, no mesmo território, outros comerciantes, donos de outras lojas quererem chegar ao mesmo objetivo! 
A única solução, para liderar o mercado, é apresentar a melhor proposta de satisfação aos consumidores do território. 

O comerciante deve dar a conhecer a existência da sua loja 
A ideia é simples mas tantas vezes ignorada, deixando assim o mercado aberto para quem se dá ao trabalho – e também ao custo – de colocar setas de direção nas redondezas da loja para indicar aonde a mesma se se encontra. 
Num país onde o turismo tem um lugar de destaque, tornar visível a loja no seu território deveria ser um “B+A=BA” da ação do comerciante. Os turistas que vêm passar alguns dias de férias em Portugal têm mais que fazer do que perder tempo à procura de uma loja. Quem é visível é servido em primeiro. 

O comerciante deve cuidar do aspeto exterior da sua loja 
Se os comerciantes concordam com o facto de que o primeiro contato visual é de extrema importância, porque pode despertar sensações positivas ou negativas, eles deveriam zelar para que a sua loja vista de fora seja sedutora. Muitas vezes não é o caso! 
O aspeto da fachada, do toldo, dos equipamentos de exposição exterior dos produtos, da iluminação, conjugados com o nível de higiene e de limpeza indicam, do lado de fora da loja, o que o consumidor encontrará no interior da loja. 
Seduzir tem as suas regras. 

O interior da loja deve ser coerente com a imagem divulgada no exterior 
Existe uma prática que consiste em fazer um “refresh” do exterior da loja sem mexer no interior, é um erro crasso! 
A sedução implica uma promessa de satisfação, de alegria, de felicidade. Uma promessa não cumprida é considerada como uma traição e, a traição leva à rejeição. 
Assim, o interior da loja deveria ser regularmente alvo de remodelação, de um “refresh”, capaz de comunicar vida, dinâmica, modernidade, etc. aos clientes da loja. As gôndolas que têm mais de 15 anos de vida deveriam ser substituídas, os balcões do talho, da charcutaria e até os check-out deveriam ser regularmente substituídos. 
Aliás, na medida em que vivemos num mercado em constante movimento, que implica o aparecimento de novos produtos e de novas formas de consumir, o “refresh” do interior das lojas deveria ser uma evidência. 
Os estudos de mercado apontam para um desejo bastante forte dos consumidores em comprar mais perto de casa, em lojas de tamanho humano mas, nenhum estudo aponta para um desejo dos consumidores em ser clientes de uma loja velha, mal iluminada, malcheirosa e mal organizada! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB


domingo, 12 de maio de 2019

Minipreço Dia – Sonho enigmático!

A insígnia Minipreço Dia quer recrutar empreendedores para que se tornem franchisados. A ideia parece aliciante mas, para fazer um paralelo com a vida das pessoas, é sabido que muitos casamentos fracassam nos primeiros anos e que as vezes a noiva (mas também o noivo) não é o que que parece. 

Minipreço Dia é com certeza uma insígnia que faz parte da cultura comercial portuguesa 
Quem não conhece a insígnia Minipreço Dia? Quem é que nunca entrou numa loja Minipreço Dia? E, quem é que nunca comprou numa loja Minipreço Dia? 
Vista do lado do consumidor português, para 2 gerações, Minipreço Dia é uma insígnia que conta. É uma vantagem indiscutível! Nos anos 90, os centros urbanos, foram palco de batalha de 2 insígnias da distribuição organizada, Pingo Doce e Minipreço Dia. A primeira tinha evoluído para lojas mais requintadas, iluminadas e limpas e a segunda tinha escolhido um posicionamento soft discount, de preços baixos com lojas (sobretudo depois da integração com Dia%), rudimentares, em termos de sortido, de arrumação, de higiene e limpeza e, totalmente baseadas no controlo dos custos. 

Será que a insígnia Minipreço Dia faz sonhar o consumidor? 
Nos últimos anos, a Minipreço Dia tentou avançar com novos conceitos para rejuvenescer as lojas, mas as lojas continuam na trajetória do passado e, no que me diz respeito não me fazem sonhar. O ADN é o que é, e ainda não foi conseguido um “upgrade” capaz de mostrar que a insígnia Minipreço Dia tenha mudado. Nem a organização das placas de venda, nem os equipamentos utilizados, nem o sortido proposto, nem a relação dentro da loja e os clientes, mudaram de molde. 

Será que a insígnia Minipreço Dia pode fazer sonhar um empreendedor? 
O público, atento às notícias, lembra-se com certeza do mau humor de franchisados que nos últimos anos achavam que as relações com a estrutura da Minipreço Dia eram desequilibradas em favor do franchisador. 
O que se dizia era que os franchisados estavam demasiado dependentes das decisões da estrutura a montante e, que o nível da margem bruta era demasiado baixo para que a atividade tivesse uma rentabilidade conforme às suas expetativas. 
Para se “safar” um franchisado da Minipreço Dia devia ter um escoamento elevado incompatível com a rudeza do mercado. 
Para que um projeto faça sonhar um empreendedor é preciso que: 
-o empreendedor tenha perspetivas de ganhos de bom nível; 
-os seus esforços e os sacrifícios consentidos sejam compatíveis com um aumento do património e do nível de vida; 
-ele possa intervir a qualquer momento para tomar decisões estratégicas e táticas. 
Será que a Minipreço Dia o permite? 
Um enigma subsiste 
Dia está a passar uma fase de recomposição. Por exemplo, em França a insígnia desapareceu. 
Em Portugal, Dia não parece estar a passar um bom momento e ao mesmo tempo, a Mercadona anuncia querer abrir rapidamente uma centenas de lojas. Sabendo que o prazo para abrir 100 lojas é extremamente dilatado, podemos pensar que o plano de expansão da Mercadona passa pela compra de um outro grupo. 
Hipoteticamente, se a Mercadona comprasse as lojas Minipreço Dia%, quantas lojas ficariam de fora por não corresponder às exigências do modelo Mercadona? Neste caso, qual seria o futuro dos franchisados da Minipreço Dia? Ficariam juntos numa estrutura reduzida e incapaz de ter impacto no mercado? Teriam de se tornar totalmente independentes, sem estrutura para ajudá-los? 

Minipreço Dia – Enigmático sonho! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB