Por quem os sinos dobram! (plagiato
do título de uma obra de Ernest Hemingway)
Qual é o futuro das pequenas organizações
retalhistas que ainda existem do Norte ao Sul de Portugal? Numerosas há 30
anos, elas parecem estar inexoravelmente em vias de desaparecimento.
O choque das gerações
O sucesso das insígnias
regionais e mesmo locais é antes de tudo o mais a história de um homem, com uma
forte personalidade, certo do seu destino e que, a partir de pouco ou nada,
conseguiu erguer uma empresa localmente forte e respeitada. Nos anos 80, quando
Portugal estava a sair de um período historicamente peculiar e a entrar numa
nova dimensão, aqueles que tinham fé no seu destino conseguiam distinguir-se e
conseguiam resultados excecionais.
Mas, muitas vezes, esta
geração colidiu com a geração seguinte, uma geração que não precisou de
trabalhar arduamente para ter, bastava-lhe viver dos frutos do passado. A
incapacidade de uns “limpou” totalmente os esforços de uma vida de labor dos
outros. Os exemplos são múltiplos de Norte a Sul do país.
O choque das gerações foi
acompanhado por uma falta de visão nacional.
A presença nacional foi esquecida, evitada, indesejada, um erro!
As organizações que
conheceram o sucesso ficaram limitadas a um perímetro local ou regional e, a
força que elas tinham conseguido localmente não foi utilizada para alcançar uma
presença nacional.
Foi o erro funesto dessas
organizações de sucesso no plano local pois isso permitiu o desenvolvimento de
insígnias nacionais dirigidas por empresários modernos, ou de insígnias
europeias dotadas de uma forte experiência na gestão da conquista de
territórios e do desenvolvimento da atividade.
Os hipermercados cercaram
os grandes centros urbanos, os supermercados penetraram os novos bairros
periféricos e o interior do país e, as lojas de hard-discount começaram a
aparecer.
Hoje, a malhagem do país é
bastante densa e apenas algumas grandes insígnias controlam o setor da
distribuição em Portugal inteiro.
Dos pequenos líderes históricos
locais ou regionais fica pouca coisa e, os atores locais de pequena dimensão estão
condenados a desaparecer.
Porque é que vão desaparecer as pequenas organizações locais?
As razões são múltiplas
tais como:
- A falta de liderança, de
capacidade empresarial, de visão estratégica dos sucessores do criador da
empresa. A “geração seguinte” tem menos vontade de trabalhar que os seus pais
e/ou tem tendência a ser caprichosa;
- A falta de qualidade dos
Recursos Humanos da empresa, por um lado por falta de meios para pagar ao preço
do mercado as competências que seriam no entanto necessárias para a empresa e, por
outro lado porque os dirigentes têm medo de perder o protagonismo que acham merecer
por “direito divino”, a favor de um assalariado que consideram apenas como um
vassalo;
- A falta de tesouraria
para responder aos investimentos pesados que deve fazer uma empresa de
distribuição moderna em termos de rejuvenescimento regular dos pontos de venda,
de investimentos em novas lojas e regularmente em novos conceitos de lojas, de
adaptação permanente dos meios logísticos e informáticos, de investimentos
necessários mas pesados para avançar no comércio online cuja atividade tem um
retorno lento…etc.
É costume ouvir dizer que a evolução tem como
consequência o desaparecimento dos mais fracos mas, na realidade, aqueles que desaparecem
são os que não são capazes de se adaptarem às novas circunstâncias.
Boa reflexão e bom trabalho,
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB