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domingo, 27 de janeiro de 2019

4 temas para sua reflexão


O apoio a domicílio dos idosos no interior do país 
No interior do país, em zonas de população envelhecida, as grandes insígnias de distribuição não são as únicas a estrangular o retalho tradicional de pequena dimensão, pois as empresas ou organizações de apoio dos idosos a domicílio representam uma concorrência suplementar em pleno desenvolvimento. Entre a concorrência de lojas organizadas e agradáveis que sabem gerir o tráfego de clientes e os serviços de apoio a domicílio dos idosos, é provável que o retalho alimentar tradicional de pequena dimensão sofra até desaparecer. 

Meu Super e a problemática urbana 
Como é que a Sonae vai gerir a problemática do confronto urbano entre as lojas Meu Super – insígnia de lojas em franchising- e as lojas Modelo Bom Dia – insígnia de lojas próprias que atuam no mesmo perímetro geográfico? Sabendo que no caso da rede em franchising é o franquiado que toma todos os riscos financeiros e portanto patrimoniais, não há um risco de conflito entre a Sonae e os franquiados? 
Seria interessante saber se os responsáveis da insígnia Meu Super estariam dispostos a assinar sem hesitações um contrato de franchising com a Meu Super, sabendo que amanhã podem apanhar nas redondezas a concorrência de uma loja Modelo Bom Dia! 

As MDD, um segmento incompreendido pelo setor tradicional 
Em numerosas lojas do retalho alimentar tradicional ainda é costume ver na mesma prateleira, lado a lado, 2 ou 3 produtos da marca do distribuidor. É um erro comercial porque isso fragmenta um segmento alternativo à marca líder e gera mais confusão na cabeça do cliente, sem trazer benefícios para a loja. É um erro em termos de gestão da prateleira, porque numa loja de pequena dimensão uma referência a mais provoca uma perda desnecessária de linear. É um erro em termos de gestão porque é mais uma linha de produtos a gerir, um stock maior que o retalhista deve financiar e um risco de quebra relativo à data de validade dos produtos. Neste “funesto joguinho” há 2 culpados: o retalhista que faz más opções comerciais e, o grossista, que além da MDD da central à qual pertence coloca muitas vezes a sua própria MDD no mercado. 

Os reformados do Norte da Europa em Portugal 
Nos últimos 4 anos falou-se bastante do impacto dos reformados dos países do Norte da Europa em Portugal e, nomeadamente, no Alojamento local e na nova dinâmica da construção civil. São 2 elementos que fizeram mais por Portugal do que as medidas do governo para melhorar o quotidiano dos portugueses. 
A primeira observação é relativa a uma dupla: encarecimento dos preços de arrendamento de quartos e restauração e, restabelecimento da ordem e de medidas de segurança nos países da Africa do Norte e do Médio Oriente. 2018 foi, segundo as informações comunicadas pela imprensa, um ano de reconquista do turismo para a Tunísia e o Egito. Portugal não vai perder a sua capacidade de atração mas vai ter de partilhar os turistas com outros destinos mais competitivos, quer em termos de custo de viagem quer em termos de custo da estadia. 
A segunda observação é relativa ao imobiliário. Os compradores de casas, vindos do Norte da Europa, reformaram-se recentemente e querem aproveitar os benefícios fiscais e uma boa vida num país pacífico e calmo. Mas, o envelhecimento também é sinónimo de início de problemas de saúde e, quando surgem problemas de ordem médica as pessoas preferem voltar ao seu país de origem em vez de ficarem hospitalizadas num país onde não falam a língua. É possível que nos próximos tempos possamos assistir à tendência de venda de casas dos proprietários da primeira onda de compradores. Seria uma operação de pegar na mais-valia realizada e de regresso ao país de origem. 
4 temas, para uma boa semana de reflexão! 
Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 20 de janeiro de 2019

Um outro olhar sobre o Universo da bricolagem


O que é a bricolagem? Será que esta palavra deve limitar-se apenas às áreas da canalização, da alvenaria, da eletricidade, da decoração? Ou será que numa visão moderna podemos incluir uma outra atividade, tal como cozinhar? 

Passo a passo, o retalho do setor da bricolagem modernizou-se 
No decorrer das últimas 3 décadas o imobiliário e a indústria audiovisual foram grandes ajudas para o setor da bricolagem pois o acesso às comodidades de uma casa moderna e aos filmes, às séries e outros programas de televisão, condicionou o gosto das pessoas e as suas opções de decoração. 

Mas, o modo de vida das pessoas está em constante evolução 
Podemos constatar que a tendência é à concentração urbana; as cidades são centros de atividades económicas e portanto são polos de atração das pessoas. As casas são muitas vezes apartamentos, que propõem um espaço limitado para os adeptos da bricolagem e a decoração não é uma coisa que se refaz cada ano. 

A cozinha seguiu as evoluções da vida das pessoas A cozinha, outrora uma divisão distinta da casa, passou a ser um espaço aberto sobre a sala de estar. Aliás, a cozinha está a tornar-se um espaço onde muitas vezes a comida não é preparada mas sim “assemblada”. Cozinhar de verdade está a mudar e a tornar-se uma atividade de partilha, de convívio entre familiares e/ou amigos. Podemos ver como os produtos étnicos penetraram os lineares dos supermercados. 

Cozinhar torna-se uma atividade de experiências culinárias partilhadas 
Desenvolver uma experiência culinária pressupõe: 
1-a vontade de partilhar um bom momento com outras pessoas, familiares ou amigos; 
2-ter os bons ingredientes, para obter os melhores resultados gustativos; 
3-ter as “boas ferramentas”, para cozer, moldar, enfeitar, apresentar o prato da experiência culinária. 

“In fine”, não seria nada descabido organizar uma zona de produtos – “ferramentas para cozinhar” nas lojas de bricolagem. Não tenho dúvidas de que seria mais um meio de criar tráfego nestas lojas da distribuição especializada. Aliás vejo como totalmente plausível, com a divulgação da tecnologia da impressão 3D, que haja no futuro muitos pedidos de formas, pratos, utensílios de cozinha específicos. 
Quem tiver criado em primeiro uma ligação com os consumidores nesta área moderna da bricolagem, terá uma séria vantagem sobre os seus concorrentes. 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 13 de janeiro de 2019

A escolha do freguês?


Dia 10 de Janeiro foi publicado na revista Hipersuper que na edição de 2019 dos prémios “Escolha do Consumidor”, os consumidores tinham eleito Auchan na categoria de super e hipermercados e, Meu Super na categoria dos supermercados de proximidade, entre outras escolhas. Uma boa noticia para uns e – imagino - uma interrogação sobre a atribuição dos prémios para muitos outros. 

A ausência de uma larga divulgação pública dos critérios de atribuição dos prémios “Escolha do Consumidor” pode gerar mal-estar 
A rotulagem “Escolha do consumidor” será utilizada pelos premiados para promoverem as suas lojas, os seus produtos, as suas ações marketing. Para um vencedor, tal como Meu Super, o prémio permite apresentar mais um argumento de peso para atrair futuros franchisados que podem hesitar entre duas insígnias. 
Seria interessante que fossem comunicados os critérios de atribuição dos prémios e, a classificação das Marcas/Insígnias concorrentes do mesmo segmento do mercado. Seria uma boa maneira de ajudar as insígnias concorrentes a melhorar os pontos nos quais elas terão tido uma pontuação aquém das outras competidoras. 

Neste sentido os profissionais do setor do retalho alimentar e os consumidores poderiam saber qual é a classificação das insígnias tais como Coviran, Amanhecer, Spar e Aqui é Fresco, que atuam no mesmo segmento que a insígnia Meu Super. 

Na ausência de clareza, os retalhistas independentes, já abalados para a própria evolução do mercado, podem sentir-se ainda mais isolados, abandonados e relegados para o último lugar do universo do retalho de proximidade. 
Também, a organização deste prémio pode ser suspeita de promover apenas o interesse dos grandes grupos. 

O que poderia ajudar a organização deste prémio, a ganhar mais credibilidade seria dar relevo, cá e lá, de Norte a Sul e de Leste a Oeste de Portugal, incluindo as Ilhas, a insígnias ou lojas independentes que através do empenho diário da sua equipa são campeões locais na categoria dos supermercados de proximidade
Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

domingo, 6 de janeiro de 2019

Estamos a iniciar um Ano Novo …. Uma nova época de grande agitação!


Mais um! Poderá ser mais um do mesmo ou mais um diferente. Se for do mesmo vindo de uma situação caótica, 2019 será assustador. Mas se a trajetória vier ou for reorientada para a recuperação e as melhorias, 2019 deveria ser um ano promissor. 

As receitas de ontem dificilmente farão sucesso hoje 
As receitas de ontem foram criadas para responder a um mercado com certas características sociodemográficas, laborais, tecnológicas, científicas, etc., que não são as características de hoje e ainda menos de amanhã. 
Os processos têm de ser totalmente revistos, as ideias atualizadas. A produção mudou, introduzindo novos processos de fabricação, novas matérias primas, para responder às exigências novas do mercado. Os fornecedores adaptaram os seus modos operatórios ao aparecimento e à afirmação das centrais de compras e agora aos novos canais da economia digital.   
Os grossistas independentes e os retalhistas do comércio alimentar independente e associado não podem acreditar no regresso do Rei Dom Sebastião! As 3 últimas décadas demostraram que viver das conquistas passadas não travou o declínio de um comércio que conheceu no passado uma grande época de glória

As receitas têm de ser totalmente repensadas 
Redefinir as receitas tem de vir das pessoas, grossistas ou retalhistas, que vivem o comércio diariamente. Se a vontade de mudar não existe porque as pessoas não querem, não podem ou não compreendem, não há nada a fazer; a missa está dita! Perceber que as receitas devem ser repensadas exige muito dos patrões porque os obriga a “rebentar” com uma organização, uma estrutura, um modo operatório que passou à história. 
Nos anos 90, lembro-me de ouvir inúmeras vezes os retalhistas de Norte a Sul de Portugal explicarem-me que tinham tanta força que iam exigir do Presidente da câmara municipal que vetasse a abertura de grandes superfícies comerciais. Todos sabemos que em vez de querer vetar a vinda de concorrentes, os retalhistas deveriam ter mudados a forma de trabalhar as suas lojas. 
Lembro-me de ter tantas vezes alertado os grossistas sobre a necessidade de repensar a organização das suas empresas e de desenvolver uma rede de lojas próprias modernas, para poderem controlar o escoamento nas suas zonas de atuação de forma a combater a concorrência e a representar uma alternativa credível de escoamento para os fornecedores. 

Estamos a iniciar um Ano novo e faço votos para que a direção tomada tenha sido a boa. 
Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB

domingo, 30 de dezembro de 2018

Os grossistas do setor alimentar encalhados entre uma sociedade algorítmica e um drama shakespeariano


O período de transição entre o fim e o início do ano é propício para fazer um ponto da situação. Aproveitando esse momento, queria abordar o universo grossista do setor alimentar e lançar alguns pontos de reflexão, pois esse setor de atividade está a viver momentos de grandes incertezas! Em quase 30 anos, o mercado mudou consideravelmente. 

Em 1993, se bem me lembro, existiam ainda perto de 44000 lojas do retalho alimentar. Os hipermercados eram tão poucos que as filas de espera nas caixas de pagamento eram longas. Insígnias como AC Santos, Europa, Novo Mundo, Polisuper, Sampedro faziam parte do panorama da revista profissional Distribuição Hoje. Intermarché tinha acabado de chegar, Lidl e Aldi, não estavam ainda a operar em Portugal, Pingo Doce era uma insígnia em plena transição, as lojas Continente independentemente da declinação da altura - eram poucas. Era um outro mundo, uma outra época, uma época em que o retalho independente contava. 
Hoje, as insígnias como AC Santos, Europa, Novo Mundo, Polisuper, Sampedro desapareceram, milhares de lojas independentes fecharam em todo o país e, o retalho independente deve contar aproximadamente 11000 lojas. Em 30 anos fecharam ¾ das lojas independentes. O retalho alimentar tornou-se uma atividade de grandes insígnias organizadas, estruturadas, integradas possuindo uma poderosa logística e uma força negocial incrível. Hoje qualquer cidadão português vive perto das insígnias Continente, Jumbo, Pingo Doce, Intermarché, Lidl, Minipreço. 
Na última década, a digitalização da economia, tendência que veio para ficar, ampliou as alterações profundas do mercado. A digitalização do comércio implica a gestão da Data - os dados do mercado, para que as empresas possam aproximar-se o mais possível dos consumidores. Estamos a viver na sociedade dos algoritmos que permitem processar a Data (os dados) como nunca foi possível e, num ápice! 

Obviamente essas evoluções do mercado tiveram, têm e terão consequências sobre a atividade grossista. 

Os grossistas estão numa encruzilhada 
Qual é perspetiva a médio e longo prazo dos grossistas “pure players”, sabendo que o mercado está a ver uma diminuição dos pontos de venda independentes? Pior ainda, qual é a perspetiva de crescimento da rentabilidade operacional quando vários grossistas partilham o abastecimento de lojas com uma faturação fraca, na ordem dos 4000€/6000€ mensais? 
Como imaginar um futuro promissor quando o mercado de atuação está numa fase de contração? Temos de concordar sobre um ponto: o grossista vive do escoamento do elo seguinte. Se o escoamento das lojas diminui ou deixa de existir porque a loja fecha, o grossista não pode sobreviver. 
Os grossistas do setor alimentar estão condenados a terem lojas próprias bem estruturadas, para proporcionar uma base de escoamento independente de terceiros. É o que fez a empresa grossista Emater situada na Ilha da Terceira, que nos anos 2000 revolucionou o seu modelo e passou a ter supermercados próprios que lhe asseguram um escoamento contínuo, de boa qualidade, e que lhe permitem assim confortar as suas capacidades de operador grossista. 
Para os grossistas aplica-se a ideia popular de que um infortúnio nunca vem só. Efetivamente, por um lado os grossistas assistiram à tomada do controlo do mercado por insígnias fortes e, por outro lado, assistiram, na última década, ao aparecimento de insígnias de proximidade como Meu Super, Coviran, Amanhecer, Spar …etc., que amplificam a subtração de pontos de escoamento potenciais. 

Os grossistas e o drama shakespeariano 
As dificuldades atuais de mudança de modelo de atuação dos grossistas tradicionais têm a ver com a história de cada empresa. Na origem, houve sempre um Homem excecional, trabalhador, cheio de vontade de empreender, sabendo tomar riscos e dotado de uma capacidade de liderança. Uma vida que força o respeito de toda a gente e em primeiro lugar dos herdeiros. O ponto crítico começa com a segunda geração, se esta for composta por mais do que uma criança. De facto, se os herdeiros forem pelo menos 2 pessoas, e que essas 2 pessoas tiverem por sua vez 2 crianças cada, em 2 gerações passamos de um criador da empresa a 4 herdeiros. É fácil perceber que se o criador da empresa tiver 3 crianças e que esses tiverem pelo menos 2 crianças, é preciso que a empresa cresça muito para assegurar um lugar a cada indivíduo da segunda geração, de forma a evitar problemas de liderança e de sucessão. É o drama shakespeariano! Para quem quer uma história mais digesta do que Hamlet, pode voltar a ver o Rei Leão para perceber o que é o drama shakespeariano. 
Para a maior parte das empresas grossistas independentes, é necessária uma reflexão para definir qual será o modelo empresarial que melhor pode garantir o futuro da empresa e dos herdeiros. Deixo infra um conjunto de links relativos a “posts” que escrevi no blog Alojadaminhrua no decorrer dos últimos anos. Podemos observar que, à nossa volta, as empresas de sucesso são de tipo S.A., modelo que permite uma gestão totalmente diferente dos recursos quando comparado com as empresas familiares. Esta situação é positiva para a empresa e os colaboradores que diariamente a fazem viver e, para os acionistas que representam os reais líderes da empresa. Os acionistas ficam na retaguarda e a direção executiva é entregue a um especialista.
No universo da distribuição alimentar, os anos vindouros vão ser extremamente dinâmicos e marcados por mudanças fortes. Às insígnias atuais que lideram a distribuição, teremos de acrescentar a vinda de outros operadores físicos tais como Mercadona mas também e possivelmente Costco e, uma maior pressão da parte dos operadores do digital. Desconheço que acordos foram assinados ou encaminhados no decorrer da visita do presidente chinês Xi JinPing mas, podemos razoavelmente pensar que no projeto da nova rota da seda tecida pelos chineses pode haver projetos que envolvam entidades como a JD.com. Para que o leitor possa refletir sobre o assunto, dou aqui o resumo dos elementos chave que caracterizam JD.com e que foram publicados na revista LSA Nº2518 de 23 de Agosto de 2018: 301,8 milhões de clientes ativos por ano, 500 armazéns dos quais 1 é totalmente automatizado e 15 são fortemente automatizados, 7000 estações de entrega, 99% da população chinesa está coberta pela sua rede logística, 90% das encomendas são entregues num prazo de 24 a 48 horas, 40 drones entregam diariamente produtos em 2 províncias rurais, 4 conceitos de lojas foram lançados desde o fim de 2017

Cuidado, cuidado, estamos a entrar numa zona de turbulências! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB

domingo, 16 de dezembro de 2018

Comerciante em primeiro lugar!


Li algures que o retalhista deveria evoluir para se tornar financeiro. Pode ser uma ideia interessante mas, continuo a carregar na mesma tecla: em primeiro o retalhista deveria aumentar as suas competências comerciais para, a seguir, se poder preocupar com os aspetos financeiros. 

O comerciante tem 2 desejos fortes 
O seu 1º desejo consiste em desenvolver uma atividade que lhe permita ter sucesso. O sucesso verifica-se com o nível de atividade de uma loja e o seu corolário, que é o seu nível de faturação. 
O seu 2º desejo, consequência do 1º, é constituir uma fonte de rendimento que lhe permita fazer viver bem a sua família e, se possível, constituir um bom património. 

Os passos do sucesso 
-No início há uma ideia vista como sendo uma ideia que responde às expetativas do mercado. Uma loja, situada em tal sítio, para vender certos tipos de produtos, expostos em certas condições, deve responder às expetativas do mercado. 
-O escoamento das mercadorias vai validar o facto de os consumidores responderem positivamente à implementação da loja. O escoamento confirma o fluxo físico entre a entrada e a saída de produtos na loja. 
-O nível de faturação valida o nível de valorização monetário do escoamento. É o volume de negócios, a variável mais básica e mais conhecida no universo dos negócios. 
-Por fim, o nível de lucros vai mostrar se a atividade tem pernas para andar. Os lucros devem permitir pagar os ordenados dos colaboradores, o arrendamento ou a compra da loja, os equipamentos e as adaptações regulares da loja às evoluções do mercado. 

Os lucros concluem um processo comercial 
Podemos reparar no seguinte: 
Uma loja mal localizada terá dificuldade em vencer. Pode ser uma loja bonita, bem articulada com bons produtos, mas se estiver mal localizada estará morta à nascença ou terá benefícios fracos sem hipótese de melhoria. 
Uma loja bem localizada mas maltratada em termos de layout, de escolha do sortido, de politica de preço, de nível de higiene e de limpeza, de exposição dos produtos, etc., terá um nível de faturação muitíssimo aquém do que o nível que deveria ter. 
Uma loja com boas condições de localização e de articulação da atividade mas com uma política de acolhimento e de atendimento dos clientes fraca terá também uma faturação aquém do possível. 

O financeiro precisa do comercial para existir 
É a excelência da ideia comercial que faz o negócio e o seu sucesso. O financeiro chega depois e baseia-se no que foi ganho. 
Podemos observar que a Lidl, empresa inicialmente de tipo logístico-financeira conseguiu através da sua metamorfose comercial chegar ao grupo da frente das insígnias presentes em Portugal. É claro que uma loja Lidl atual não tem nada a ver com as lojas Lidl de há 20 anos atrás. 

A confusão entre primazia do financeiro ou do comercial, tem pesadas consequências 
No retalho independente, a confusão entre financeiro e comercial leva os comerciantes a erros em termos de política de preço e de política de investimentos. Presos numa lógica de ganho imediato, eles não veem ou não percebem que as suas fraquezas comerciais amputam a sua atividade de pelo menos 25% de faturação. 
Pessoalmente, quando visito lojas do retalho alimentar, explico vezes sem conta que o mau tratamento da loja custa ao retalhista entre 25% e 40% da faturação possível. Devo confessar que muitas vezes estou na posição do pregador no deserto! 
No retalho associado, incutir a primazia do financeiro sobre o comercial tal como a primazia do investidor sobre o comerciante leva os comerciantes associados a pensar que a sua central de compras lhes deve um bom benefício no fim do ano de exploração. Eles não veem que são as suas ações no dia-a-dia na placa de venda, entre os seus colaboradores, os clientes da loja, os produtos expostos, os equipamentos de apresentação dos produtos, que fazem a diferença e propiciam a vitalidade da rentabilidade da sua atividade. Quando os resultados obtidos são aquém dos resultados esperados, eles culpam a central de compras em vez de pôr em causa o seu próprio trabalho! 

Boa reflexão e bom trabalho, 
O seu sucesso está nas suas mãos!
RB