O
evento do dia 01 de Maio já fez correr muita tinta, cada um tentou fazer
prevalecer a sua verdade (os fornecedores, os sindicatos de trabalhadores, os
sindicatos profissionais, as organizações concorrentes) porque obviamente cada
um tem argumentos fortes para sublinhar o que este dia, de ação comercial
agressiva por parte do Pingo Doce, trouxe em termos de polémica.
Hoje,
dia 04 de Maio, ainda estamos de ressaca mas, no entanto, podemos tentar
entrever as consequências em termos de dia seguinte:
Porque se ninguém fizer nada,
Porque se ninguém fizer nada,
· O golpe foi bom para os consumidores, mas não tão forte
como se diz porque esta ação comercial tinha limites de compra definidos para
cada artigo e também porque a mercadoria armazenada em grande quantidade em
casa é consumida mais rapidamente do que quando é comprada em várias vezes em
pequenas quantidades;
· O golpe foi mau para a concorrência que provavelmente
fechou o dia em negativo mas, não tão mau como se diz porque a ação foi
anunciada na véspera e muitos consumidores não deram logo muita importância à
ação, e de facto foi só no dia 1 de Maio quando os primeiros perceberam que era
verdade que tudo se acelerou. Também deve ser tido em conta que uma terça-feira
nunca é um dia de vendas elevadas, portanto o alcance da ação à partida estava
controlado e mesmo limitado. Assim, poderíamos assistir apenas a um mau dia de
vendas;
· O golpe tornava-se apenas em definitivo um bom golpe de
marketing, o que de facto é, quando se vê a onda de intervenções que aconteceu,
e que transformaram esta ação num tsunami que será relembrado.
Tudo podia ficar por aqui, mas não ficará, porque os grupos concorrentes devem enfrentar várias
problemáticas, todas elas subjacentes a uma ideia de base: O consumo em
Portugal já não está em crescimento, ou seja cada grupo deve articular as suas
ações sabendo que o bolo não vai aumentar e que portanto devem partilhar o que
existe e que mingou. Neste contexto, é preciso ter em conta que perder quota de
mercado, mesmo mínima, tem consequências na obtenção de rappeis, de força
negocial e, portanto, de capacidade em fazer viver empresas sobre pressão cujo resultado
líquido anual é muito baixo.
Portanto
haverá guerra e, o que se pode esperar de uma guerra? Baixas, feridos,
convulsões, e o desejo que a paz volte para trazer uma vida melhor para os
sobreviventes. Assim é para os Homens, assim é para as empresas; as mais
frágeis poderão desaparecer definitivamente, aquelas que ficarão de pé
precisarão de tempo e se calhar de muito tempo para reconstituir o seu valor. O
próprio vencedor poderá ficar seriamente abalado.
Não tenho dúvida de que as
empresas que mais rapidamente desaparecerão serão aquelas que
entrarão na guerra dos preços, sugadas pela brutalidade do momento, sem terem
beneficiado de reorganização técnica do espaço de venda, do sortido ou seja da
oferta, num espírito da sua adaptação aos consumidores, e dos recursos humanos.
Os grupos integrados da distribuição organizada - porque fizeram um esforço de
redefinição do visual das lojas, das gamas etc, - deveriam sofrer menos do que os patrões de
supermercado da distribuição organizada associada.
Cada
grupo vai precisar de um líder forte e visionário!!
RB
Olá, "a minha Avó costumava dizer quem tem a barriga cheia não vai tão depressa ao Tacho".
ResponderEliminarse isto pode ter alguma coisa a ver com a acção do PD não sei, sei é de que na 5ª feira passei em varios PDs e estavam vazios mas hoje já vi alguns com o parque bem cheio,e ainda não consegui perceber o que pensam as pessoas acerca disso.
tenho um amigo meu que diz uma coisa engraçada só lá foram os Boateiros no 1º de maio e uma grande parte deste povo gosta é de boatos e a divulgação desta promoção foi exactamente sobre a forma de boato, que diz o meu amigo tem um efeito mais forte do que folhetos anuncios nos media etc. porque a tendencia é arrebanham entre a familia maximo de dinheiro e vão ver se é verdade, sendo verdade fazem uma compra tipo troféu udo oque vier à rede (ao carrinho de compras) é peixe. andam semanas a falar do Pingo Doce e rematam enchi dois carrinhos três carrinhos tem o seu momento de felicidade até á proxima.
bem hajam Jerónimo Martins por este gesto misericordioso que trouxe tanta felicidade a uns milhares de Portugueses que andavam cabisbaixo.
O consumidor com certeza aproveita cada boa oportunidade, tanto o consumidor "povo em geral" como o consumidor "mais específico". O consumidor "Povo em geral" aproveitou a oportunidade para comprar os produtos do dia a dia; leite, arroz, massas, enlatados, cervejas... e o consumidor "mais específico" para comprar produtos para a sua especificidade profissional; por exemplo, vi um conjunto de profissionais do sector da restauração comprar bebidas alcoólicas e camarões dos grandes...etc. Sem querer abrir uma qualquer polémica, diria que muitos grossistas, elos intermédios importantes no escoamento dos produtos, perderam vendas por causa de um golpe comercial desleal e, também diria que esta ação pode vir a prejudicar a manutenção de postos de trabalho em algumas empresas grossistas e retalhistas. Se foi um bom golpe de marketing no mercado em geral, os prejudicados, aqueles que se devem vergar, contam-se em milhares; fornedores/produtores, grossistas, retalhistas, e respetivos empregados de todas estas empresas...Afinal uma moralização impõe-se. A bola está agora do lado dos políticos, e da justiça.RB
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