A
vida em comunidade não se pode resumir apenas ao tempo partilhado por um
conjunto de pessoas para passar o fim do dia e a noite.
A
vida em comunidade implica a troca entre pessoas, trocas de todos os géneros,
que permite tecer laços de boa vizinhança e até de amizade duradora. O contexto
de tempo não se pode resumir ao fim do dia e à noite; ele deve obviamente abarcar
a parte do dia que vai do nascer até ao pôr-do-sol, porque salvo exceção é
durante estas horas que as pessoas podem conviver. Conviver é a palavra-chave, significa
segundo o dicionário Houaiss “ viver em proximidade, ter relações cordiais,
dar-se bem, adaptar-se, habituar-se a condições extrínsecas, coexistir” ou seja
juntar as pessoas, indivíduos à partida diferentes, num contexto comum
dinâmico, onde cada um faz parte do todo e onde o todo não pode funcionar sem o
contributo de cada um.
A dinâmica de uma rua, de um bairro, de uma aldeia, de uma cidade está intimamente ligada à dinâmica que se sente e que se vê ao longo do dia, condição básica de convivência entre as pessoas. Os moradores e as pessoas de passagem beneficiam com certeza do ambiente de vida, de bem-estar, de simpatia criado em determinadas zonas. Porém, os atores principais desta dinâmica são com certeza todos os comerciantes que diariamente, ao abrir os cortinados das suas lojas iniciam a “VIDA” no local. Aliás, o papel dinamizador da atividade comercial em relação à dinâmica social de uma zona é visível de forma clara e nítida em dois tipos de comércio: a loja alimentar e o bar. Ainda hoje, apesar das evoluções sociais e das diferenças entre o mundo rural e o mundo urbano, a loja alimentar continua a ser o ponto de encontro social das mulheres, que utilizam a loja alimentar como sítio privilegiado para obter e partilhar informações, enquanto o bar é o ponto de encontro dos homens que se juntam aí no início e no fim do dia de trabalho. Aliás, o impacto que provoca a dinâmica comercial na micro sociedade de uma rua é tal que, quando uma empresa tal como a EDP ou a empresa das águas e saneamento querem fazer obras numa rua, o anúncio das obras se faz nas mercearias e nos bares.
Agora,
cada um pode observar que as zonas onde o comércio é eliminado são sítios de
ausência de dinâmica social, onde podem prosperar ações ilegais, roubos,
agressões, degradações dos espaços públicos e privados, etc., porque longe dos
olhares dos outros, tudo parece permitido.
Seria
bom que cada cidade tivesse uma política de urbanismo comercial pensada de
forma estruturada em benefício da coletividade no seu conjunto, porque com
certeza seria portadora de bem-estar para cada indivíduo em particular.
Texto
escrito depois de uma troca de ideias com o Sr. Cesar Couto retalhista na zona
de Pombal.RB
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