As notícias sobre a Makro não são nada boas, considerando
as informações do Diário Económico de 19 de Abril de 2012. De facto, os
despedimentos nunca são boas informações; nem para os funcionários das empresas
nem para os comerciantes estabelecidos nos locais onde vivem esses
funcionários, porque quem vive o desemprego redefine as suas despesas e gasta
menos porque consome menos. Além
disso, os despedimentos também são raramente fatores de alegria para as
empresas que restam porque quando um mercado adoece, ele adoece para todos e a
pergunta a seguir ao fecho do “vizinho” é: “Quando é que será a minha vez?”
Gostava que o caso da Makro fosse um ponto de
reflexão sobre o setor grossista, não para apontar o dedo a tal ou tal falha e regozijar-se
com ela, mas para entrever as orientações.
1- No setor grossista
alimentar o segmento HORECA dificilmente sustenta a atividade de um cash e, no
futuro isso só poderá piorar.
× O setor da restauração
está a sofrer em cheio e com violência a crise atual, e todos os dias fecham
restaurantes enquanto aqueles que ficam assistem a uma perda de frequentação.
×
A estruturação do segmento de restauração organizada no seio
dos grupos de distribuição vai penalizar as vendas realizadas pelos grossistas do setor alimentar. A título de exemplo,
vejamos o caso de Jerónimo Martins que “Em 2011, ampliou também o número
de lojas com pontos de venda de comida para levar, que passaram a existir em
230 dos 379 supermercados (contra 214 em 2010 e 181, em 2009), vendendo 30 mil
toneladas de alimentos. Só frangos assados foram dez milhões de unidades e 5,3
milhões de unidades de salgados.” (Cf. Sol, 19 de Abril, 2012 por Ana Serafim),
2-
Os grossistas do setor alimentar precisam de fazer sua a visão que coloca
no centro de qualquer decisão o ESCOAMENTO, palavra-chave e sine qua non da sua sobrevivência. A
procura do enquadramento do escoamento engloba de maneira impreterível:
×
A definição de um cardex em função das expetativas dos consumidores, com
adaptação constante às evoluções constatadas;
×
A organização de rede(s) de lojas, quer de comércio independente, quer de
comércio associado ou quer de comércio próprio;
×
A dinamização da ou das redes de lojas, que passa pela formação e pela
informação dos seus atores chaves;
×
O management do território ou seja, da zona de influência do cash;
3-
Os grossistas do setor alimentar devem integrar e fazer viver uma
estrutura comum abrangente capaz de garantir as melhores condições de compra,
de diferenciação e de apoio técnico aos seus associados;
4-
Os grossistas devem saber encontrar as formas de criar parcerias
“win-win” entre eles e/ou com retalhistas de grande potencial e, serem capazes
de reforçar as capacidades logísticas do cash;
A crise trouxe uma
tempestade que se abateu sobre Portugal, e vai trazer dificuldades, transtornos
e tormentas; alguns serão um pouco afetados, outros ficarão abalados e outros
ainda desaparecerão. O momento nunca foi tão oportuno para olhar de forma
diferente o mercado, refletir de forma diferente o negócio e caminhar para
chegar até à bonança!
RB
Coisa difícil é estabelecer uma relação win-win na sociedade portuguesa. Infelizmente, temos nos nossos genes características como desconfiança, aliadas a fraca formação profissional (e, em muitos casos, pessoal).
ResponderEliminarFalta uma perspectiva global, de longo prazo. Não se perdia nada em ver o filme "Uma mente brilhante" que retrata a vida de John Nash, onde este coloca em causa a teoria económica preconizada por Adam Smith, o pai da economia, segundo o qual, para uma sociedade evoluir, cada um deve achar o melhor para si próprio. Nash contrapõem:
"Se todos corrermos em direcção à loura, anulamo-nos uns aos outros. Depois temos de nos voltar para as amigas dela. E como ninguém gosta de ser uma segunda escolha, vamos levar com os pés. Se cada um de nós excluir a loura e optar em primeiro lugar por cada uma das amigas toda a gente vai ficar feliz esta noite."
A sociedade só evolui se cada um procurar o seu próprio bem assim como o do grupo.