O
ponto da situação atual só pode sublinhar as dificuldades com que se deparam as
empresas grossistas:
Os
consumidores estão a mudar, sob diversas pressões, em termos de comportamento
de compra. De facto, a maior parte deles vive o desemprego ou a incerteza do
dia de amanhã, a descida do seu poder de compra, a descida dos subsídios a que
estavam habituados e os aumentos; das portagens, do preço da gasolina,…etc;
Os
grupos de distribuição, quer da distribuição organizada associada como Intermarché
quer integrada como Jerónimo Martins, Auchan e Sonae (para citar os players de
maior impacto), entraram numa corrida para evitar perder quota de mercado, com
um medo - afinal legítimo - de perder a sua capacidade negocial e por
consequência tudo o que daí decorre, como o nível de “rappel”, de contribuição
dos fornecedores, e de valor intrínseco da empresa – sabendo que o valor de uma
empresa de distribuição é função de sua capacidade de escoamento;
Os
retalhistas do comércio independente, de proximidade e geralmente de pequena
dimensão, estão a viver um período crítico, em razão de vários fatores penalizadores
- o envelhecimento da profissão, mesmo se se nota a vinda de pessoas mais
jovens; a inadaptação da localização dos pontos de venda; a inserção das lojas
em zonas de consumo reduzido porque a população da respetiva zona de atração
envelheceu; a partilha do mercado com cadeias de distribuição organizada de
forte poder de atração - entre outras coisas;
A tentação, a maléfica tentação, é
alargar o perímetro de atuação do cash, com a vontade de ir buscar mais
clientes, e portanto mais faturação, além. Mas, será que esta
estratégia é a melhor? Afinal, aumentar o perímetro de atuação do cash quer
dizer:
- Aumento dos custos de distribuição através de mais
quilómetros percorridos, mais gastos de gasóleo e de manutenção dos camiões de
distribuição…etc. sem esquecer que o alongamento dos dias de trabalho dos
empregados, motorista e ajudante, os torna menos produtivos, dia após dia;
- Diminuição da margem comercial, porque provavelmente um
retalhista aceitará um novo fornecedor apenas no caso de obter melhores
condições do que aquelas feitas pelos seus fornecedores habituais;
- Aumento do nº de clientes infiéis porque cada
retalhista será solicitado por vários fornecedores;
- Diminuição do impacto comercial no território de
origem, deixando-o aberto e à mercê de outros operadores;
- Diminuição do impacto comercial junto de cada cliente
retalhista, tornando difícil o estabelecimento de uma parceira baseada no
“win-win”;
Afinal
esta estratégia pode não ser tão boa como se imagina, e pode levar a empresa
grossista a ficar totalmente diluída num território que não controla e no qual
não tem impacto significativo e levá-la, pouco a pouco, ao declínio!
Assim,
sugiro que os empresários patrões de empresas grossistas façam:
- Um trabalho de avaliação preliminar do território
original da sua empresa, para definir com a melhor justeza os respetivos
contornos;
- Uma localização rigorosa dos clientes em função de
critérios determinados, como o segmento ao qual pertencem (HORECA ou do RETALHO
ALIMENTAR) para visualizar, no território original, todas as zonas pouco ou mal
cobertas;
- A partir destes 2 passos, analisar a qualidade do
território original em termos quantitativos e qualitativos;
- Uma definição das orientações e das respetivas
estratégias para consolidar a presença e o impacto da empresa grossista no seu
mercado base – O SEU TERRITÓRIO ORIGINAL
As
consequências serão muitíssimas vantajosas, e uma delas, se calhar a maior,
será o reconhecimento pelo mercado em geral, fornecedores e retalhistas, do
aspeto incontornável da empresa grossista no controlo do escoamento no seu
território!
RB
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