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quinta-feira, 5 de abril de 2012

O regresso da proximidade

A noção de proximidade está novamente viva e bem viva!
Do lado dos consumidores:
- A crise económico-financeira vivida desde 2008 afeta os recursos das famílias e modifica a sua forma de consumir. Os grandes centros comerciais e as lojas de grandes dimensões são vistos como centros de “tentação” a evitar para controlar as despesas. No sábado 31 de Março passado, enquanto estava a passear, com a minha família, no centro comercial Algarveshopping na Guia, vimos uma jovem menina sentada e com o ar triste e abatido, falar com alguém por telemóvel e dizer “É tão deprimente não ter dinheiro para comprar nada”.
- Em linha com a crise que estrangula as famílias, o aumento do preço da gasolina é um fator que propicia uma mudança na forma de comprar. Ainda há pouco tempo, não havia moderação no uso do carro, os custos de deslocação não eram vistos como sendo um elemento a ter em conta. A este aumento do preço da gasolina acrescenta-se o pagamento das SCUT que trava ainda mais a vontade de se deslocar. Assim, a loja que estiver mais perto de casa, se proporcionar as condições comerciais certas e o atendimento certo aos seus clientes, beneficia de uma capacidade de atração reforçada.
- O envelhecimento da população é um facto, e nenhuma política poderá travá-lo. Nos anos a vir o aumento do número de idosos vai com certeza modificar o panorama do consumo, e a forma de comprar; as compras serão feitas mais vezes e em menor quantidade. Uma outra consequência do aumento do número de pessoas idosas será o uso da loja, como no passado, com ponto de articulação social, como ponto de contato entre os idosos e a vida, ou seja os outros fregueses.

Do lado da “distribuição”
- O número de lojas de grande formato vai estagnar e possivelmente diminuir, porque o nível de elasticidade foi atingido e que as lojas de grande formato deixaram de ser viáveis em termos económicos. Aos fatores do envelhecimento da população e do poder de compra em diminuição, devem ser acrescentados por um lado os custos ligados ao investimento inicial numa loja de grande dimensão e, por outro lado os custos de funcionamento, o conjunto tornando o modelo de loja grande dificilmente viável em termos económicos. Aliás, o grupo Auchan já anunciou o fecho definitivo da sua loja de Santarém para o próximo mês de Junho!
- A procura de crescimento para aumentar o poder negocial frente aos fornecedores obriga os grandes grupos a procurar novas formas de crescimento e de captação de clientes. Unidades comerciais mais pequenas, mas mais perto dos consumidores representam uma via de crescimento possível e provavelmente a última via em termos de lojas físicas.
- Os grandes “players” querem aproveitar a notoriedade e a força da insígnia do grupo (a insígnia sendo verdadeiramente um património valioso) para entrar nos bairros e nas ruas das zonas urbanas.
- A aproximação ao consumidor deve ser conjugada com os receios dos grandes grupos em relação ao crescimento do comércio “one-line”. O ponto de vista é reforçar a presença de proximidade e, simultaneamente reforçar a comodidade de fazer as suas compras.
- Para quem quiser ser dono de uma loja de comércio do retalho alimentar, o momento é oportuno, e as soluções existem: desde entrar no negócio a partir de um modelo preestabelecido, para poder aproveitar um quadro de funcionamento predefinido e enquadrado, até se tornar num comerciante totalmente independente (e neste último caso, evidentemente que os melhores aliados são os grossistas independentes porque precisam de fomentar o escoamento no seu território e precisam dos retalhistas para viver). (Ver post de 04 de Abril de 2012 – Quer ter uma loja própria?)
RB

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